domingo, 5 de fevereiro de 2012

Temporariamente 3

Um bom domingo de futebol, em que a Taça da Liga, como competição em si, foi completamente secundária.

Vamos fazer isto por ordem cronológica.



1 – Chlesea-Manchester United. Um hino ao futebol… inglês. Porque aquilo – e não falo apenas do 3 a 3, mas de um 3-3 a que se junta, por exemplo, a reacção aos dois penáltis mal marcados, o entusiasmo do público e tudo o resto – só é possível em Inglaterra.

Um desafio: quem não viu, que tente ver, e que, no fim, tenha a ousadia de dizer que o dinheiro estraga o futebol.

A propósito do que escrevi ontem, olho para o Chelsea do Villas-Boas e para o Porto do Villas-Boas, sendo o Villas-Boas o mesmo e tendo muitos mais recursos e pergunto-me: qual é a diferença entre este Villlas-Boas e o outro Villas-Boas? É que este tem a ciência e o dinheiro, e o outro tinha a ciência e a mística. Uma mística que, como portista e como português, ele podia utilizar (e ele utilizou-a com mestria durante toda a época) a seu favor e em Londres não pode, porque não sabem o que é.



2 – O Setúbal vai descer de divisão este ano, e em relação ao jogo está tudo dito. Vi-o para ver os miúdos brasileiros do Porto, o Lucho e o Manko, mas a primeira coisa em que reparei foi no número das camisolas. O Lucho é o 3. Fez-me pensar na 2.

O facto do João Garrafão Pinto ser o lateral-direito e o capitão do Porto foi uma feliz coincidência, muito bem aproveitada pelo clube para instituir o hábito do número 2 passar a simbolizar o porta-estandarte do espírito portista dentro de campo. O 2 passou a ser o ajudante-em-campo, mais que do próprio treinador (porque o treinador passava e o 2 ficava), da mística do clube.

Alguns dos últimos «2» da história do Porto: João Pinto, Jorge Costa, Bruno Alves.

O 2 do Porto, actualmente, é o Danilo.

Isto deveria ser suficiente, mas não resisto a elaborar: um miúdo brasileiro de 20 anos, que preferiu passar 6 meses no Brasil a vir para o Porto e que tem dois dias de casa. Porque é que ele é o 2? Bom, porque «veio para «jogar a lateral-direito»…

Porque é que o Porto foi recuperar o Lucho? Para tentar recuperar a mística. E estou capaz de apostar que, no início da próxima época, a camisola 2 vai ter um novo dono – e o 3 do Lucho (que não faz sentido nenhum, diga-se de passagem, a não ser pelo que vou dizer a seguir) é já a preparar o Danilo para essa realidade. Confrontem isto com o que eu escrevi ontem e tirem as vossas conclusões. A minha leitura das intenções do Porto é simples: agarremo-nos ao que já tivemos, para ver se ainda funciona. Ou: «Crise! Solução? Não sabemos bem! O que é que sabemos?! Sabemos isto. Então façam outra vez para ver se resulta!» A contratação de Lucho é só isto.

Quanto ao impacto do Lucho, em si, vou deixar para os próximos dias – até porque antes quero ver o jogo falado.

Do Manko, não vi mais que do Kléber. Mas a diferença do Manko para o Kléber não é dentro do campo, é fora dele. O Manko tem calo no cú. Quando o Kléber não marca, via para casa cheio de nervos por não ter marcado. O Manko, duvido que vá. O que lhe permitirá manter a compostura quando fizer falta à equipa – que não é contra o Setúbal, entenda-se.

Dos dois zucas vi que jogavam na defesa.

Do Iturbe, gostava de ver, mas não vi nada.

Também tive pena de não ver o Ricardo à baliza do Vitória. Teria sido, presumo, uma recepção «à Danny».



3 – Depois da estreia do Lucho e do Manko estava-se mesmo a ver o Yannick a jogar de início no Benfica, não estava? Com o JJ, não é? Certo, certo… Mas também não devia, acho bem.

Algumas notas, só.

A Floribela está prenha que nem uma égua. Posso dar o meu tirinho para o nome da menina? Cosme Damião.

Ainda bem que o Djaló não marcou aquele golo. Não gosto de jogadores que marcam na estreia.

O Nélson Oliveira não foi ao chão uma única vez. Há uma esperança. E não jogou mal, o miúdo, não jogou não senhor.

O Javi dá cabo da cabeça aos homens. É o jogador mais odiado da Liga. Só não lhe dá quem não pode. Gosto muito disso.

Para a expulsão macarrónica do Pouga, tenho duas teorias, uma maquiavélica, a outra ainda mais maquiavélica: primeira, os árbitros aproveitam estes jogos que não contam para nada para marcar pontos na sua contabilidade dos grandes; segunda, roubam nestes jogos da treta para depois, quando têm de roubar nos jogos a sério contra os grandes, poderem dizer que daquela vez até se enganaram a favor deles.

Em relação ao Soares Dias, será que eu ouvi o tipo da SIC dizer mesmo isto antes do jogo: o Soares Dias é gestor de Recursos Humanos na Associação de Futebol do Porto? O chefe do Soares Dias é o Lourenço Pinto? Ouvi mal, não ouvi?

O Gaitán anda a ouvir das boas. Quando merece e quando não merece. Tem de ser é homenzinho e deixar-se de paneleirices. JJ, diz aí ao homem para ser homenzinho. ´só profissionais da treta.

Em relação à equipa em si, prefiro não falar. Hoje é um dia de bom humor.

Como uma jogada aos 92 minutos se torna na jogada mais significativa de um jogo que acaba 3-0 é algo que só o futebol pode explicar. Mas o Nolito, ao não dar o golo ao Cardozo, provavelmente sem saber (duvido, sequer, que o Nolito soubesse do recorde), arranjou um problema. Pode dar para o mal e pode sair para o bom: ou o Cardozo e um ou outro lhe perdoam e fortalece-se o espírito de equipa ou não perdoam e vão dar-lhe nas orelhas e a coisa pode azedar. Até porque a fuçanguice do Nolito é coisa para dar merda. Se a coisa não for bem gerida lá dentro, azeda mesmo.

Eu, por mim, proibia no princípio da época que um jogador como o Cardozo ficasse com qualquer tipo de recorde no Benfica. Mas para o Cardozo não deve ser fácil de engolir…

E, no fim, fica um Benfica-Porto que não mata, mas mói, a ser jogado a 21 de Março – uma 4.ª feira, a seguir a um Benfica-Beira Mar e a um Nacional-Porto e antes de um Olhanense-Benfica e de um Paços de Ferreira-Porto. Gosto da maneira como isto se está a compôr…



4 – Superbowl. Ainda não foi, vai começar às 23 e 30. Não é o melhor jogo do ano de futebol americano. Esses são as meias-finais e finais de conferência, onde se acham os finalistas; no Superbowl há demasiado show-off. Mas mesmo assim, para quem realmente gosta de desporto, há ali muito para admirar e ainda mais para aprender. Como desafiei em relação ao Chelsea-M. United que me dissessem que o dinheiro estraga o futebol, desafio aqui: vejam o Superbowl e digam-me se a máxima profissionalização, inserida num espírito desportivo justo, não conduz à optimização do jogo.

O meu palpite para vencedores da noite: Patriots, Tom Brady e Madonna.

5 comentários:

  1. O Gaitan irrita, mas acaba o jogo com 3 assistências e com esses números até custa dizer mal dele.

    O Eli Manning voltou a ter um 4º período fantástico aquele passe de umas 30 jardas, e a respectiva recepção na linha, foi brutal. A linha defensiva dos Giants nem sempre esteve bem, mérito dos Patriots, mas no fim foram uns justos vencedores. O problema é hoje estar cheio de sono.

    Adoro as decisões arbitrais serem explicadas para todo o público e assim não dar margem a esquemas de corrupção.

    A Madonna deu um show do caraças e não sou fã da moça.

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  2. Hoje vou comentar o futebol americano.Não vi em directo porque o FBI não deixou.Mas lá consegui ver um resumo por um link romeno e aquilo foi emoção até ao fim.As decisões serem explicadas nunca resultariam no verdadeiro futebol(o europeu)e pelas razões que o Hugo já explicou.Vi o jogo Chelsea-Manchester e aqueles penaltis,minha nossa senhora,o árbitro devia ficar na jarra até ao fim do campeonato.Mas foi um grande jogo.

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  3. Esqueci-me de falar do meu Benfica.Os putos estavam endiabrados.Já gostei mais do Nélson,o Rodrigo é craque e o Gaitan caminha para a melhor forma.Não sei o porquê do pessoal adepto não perdoar nenhum erro ao Gaitan e ao Cardozo.Porquê?

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  4. Eu sabia que não gostava dos Patriots – à medida americana também são a equipa do vale tudo – mas só percebi como realmente não os suporto quando dei por mim as pulos quando os Giants fizeram esse passe de 30 metros e, depois, quando marcaram o touchdown.
    Valeu a pena ficar acordado até às 3 da manhã para ver em directo os Patriots a perderem o Superbowl com o touchdown mais insólito na história das finais: a defesa a abrir, para deixar os Giants marcarem ainda com tempo para recuperarem, porque sabiam que, sofrendo 3 pontos ou 7 pontos, precisariam sempre de um minuto para tentarem responder, e o atacante a ganhar o Superbowl com o rabo a cair na endzone!
    Há quatro anos estes mesmos Giants tinham ganho aos Patriots com uma recepção impossível de mais de 50 metros, no último minuto, em que o wide receiver tinha agarrado a bola a meias entre a mão e o capacete. Ficou conhecida como a Helmet Catch. Os Patriots, que ainda não tinham perdido nenhum jogo nessa época, podiam ter feito o que só uma equipa antes fizera: ganhar tudo. Desta vez queriam vingar-se e perderam com um «butt»-down no último minuto – e o pior é que o atacante nem queria marcar, só queria gastar o máximo de tempo possível para não dar aos outros oportunidade de responder, mas ia tão lançado que não conseguiu travar, caiu de rabo e marcou o touchdown que deu o Superbowl. Épico. Esta fica, definitivamente, para a história. Os adeptos dos Patriots vão ser gozados para o resto da vida depois deste jogo.
    E eu nem simpatizo por aí além com os Giants. Espero que o meu palpite tenha servido, na sua modesta medida, para enguiçar os Patriots…

    Em relação ao Gaitán e ao Cardozo, só duas palavras: linguagem corporal.

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  5. Só mais uma coisa, em relação às explicações dos árbitros nas jogadas de falta no futebol americano.
    O facto de eles explicarem, em si, é interessante, e transparente, mas não é o mais importante. O mais importante é que as pessoas aceitam à partida que eles não estão comprados. Vamos imaginar o primeiro penálti do Gil Vicente-Porto. Imaginemos que o treinador do Porto pede a revisão do lance (que, entretanto, lá, é repetido simultaneamente para o árbitro e no ecrã gigante do estádio, note-se bem) e o árbitro mantinha a decisão de não marcar penálti, explicando porquê. Para os adeptos do Porto, que acreditam que ele não marcou porque não quis, isso não significaria absolutamente nada, pois eles continuariam a dizer que era penálti e que ele não o marcara porque não quisera. O Paixão continuaria a ser visto como corrupto. Há dezenas de jogadas importantes todas as épocas que podem ter mais do que uma interpretação e que decidem campeonatos. A questão de fundo não é a interpretação que o arbitro faz delas: é se essa interpretação está condicionada por uma vontade de beneficiar uma ou outra equipa.
    O problema não é o erro, é a suspeição. Porque é que nos dois penáltis do Chelsea-United as pessoas, apesar de sentirem prejudicadas pelos erros, não fazem daquilo um roubo de igreja»? Não é por o árbitro ter errado, é por saberem (ou sentirem, digamos antes assim) que o árbitro não errou de propósito.
    Em Portugal isso só poderá vir, um dia, a acontecer, quando as pessoas sentirem que quem tem a autoridade disciplinar e judicial não está disposto, sequer, a admitir a sombra da dúvida.
    Em Portugal um árbitro vai a casa de um presidente de um clube na sexta-feira à noite dois dias antes de arbitrar um jogo desse clube para pedir conselhos matrimoniais (CONSELHOS MATRIMONIAIS, a um velho putanheiro que já se divorciou três vezes, duas delas da mesma mulher, por andar com putas!!!!!!!!!! Se isto fosse contado a um inglês ele morria a rir e dizia que só podia ser gozo!). O que é que acontece? O pessoal ri-se. e diz: «Ah, ganda velho!»
    Repito: regras do jogo.

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