quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Outros

Más notícias para o Porto antes do jogo começar: Mancini não secundarizou a Liga Europa. Pior do que isso: não só percebeu que esta eliminatória é uma final antecipada como quis resolvê-la logo na primeira mão. Vai daí, mete o onze mais forte. Isso foi, por si só, o factor mais determinante para o desfecho do jogo.

O cariz do jogo foi, afinal, aquele que eu esperava, com o Porto permitir a superioridade territorial do City para aproveitar o espaço – e aproveitou-o mesmo, fazendo uma primeira parte muito boa.

Só a qualidade colectiva e a experiência internacional do Porto lhe permitiram equilibrar um jogo perante uma equipa tecnicamente muito superior e com um ritmo que não está ao alcance de nenhuma equipa portuguesa. Um City sem Silva e Touré, por exemplo, poderia estar mais vulnerável. Um City completo é outra história – e Silva é a verdadeira estrela desta equipa.

A sorte do jogo e a imaturidade de Balotelli frente a baliza permitiram ao Porto aguentar o 1-0, mas os primeiros 20 minutos da segunda parte acabaram por mostrar que não há milagres. Nesse período faltou ao Porto, simplesmente, qualidade. Quatro meses de degradação técnica e táctica por parte do seu treinador de segunda categoria resultaram, afinal, no que se viu no Porto quando o City manteve o pedal a fundo e foi atrás da eliminatória: uma equipa afundada, sem soluções, sem verdadeiros automatismos na saída da pressão alta (algo a que, em Portugal, nunca está sujeito).

Este é o Porto de Jesualdo. O Porto pré-Villas-Boas. Um Porto a quem falta a sexta velocidade europeia. O City meteu uma abaixo e o Porto passou a ver jogar.

A época europeia do Porto acaba daqui a uma semana, e a grande questão é quanto vai passar a valer este Porto a jogar só para o campeonato. Pode ser que se aborreçam, que percam o ritmo, enfim, que estranhem… O Hulk, pela quantidade de vezes que, em desespero, tentou inventar passes de calcanhar para ainda conseguir dar nas vistas, vai estranhar de certeza.

A verdade é que as três próximas jornadas passam a ter uma importância ainda maior depois disto.



O Legia-Sporting foi uma espécie de Zenit-Benfica dos pequeninos. Liga Europa em vez de Liga dos Campeões, Polónia em vez de Rússia, a diferença dos clubes, claro, os factores campo e frio – falou-se pouco destes dois por causa da Novela do Choramingo mas o Sporting enfrentou condições tão adversas como o Benfica, neste aspecto – e até o Sá Pinto, quando for crescido, vai ter aquela bela melena pintada de grisalho, como o Grande J. Aura de salvador, já tem.

O que escrevi ontem em relação aos empates com golos, mantenho. Mas o 2-2, sobretudo contra uma equipa claramente inferior como é o Legia, continua a ser um resultado que quase mete o Sporting na próxima eliminatória. Apesar de tudo, dá muito mais margem de manobra do que o 1-1. O Sporting pode sofrer um golo sem entrar em pânico. Apesar de estarmos a falar do Sporting e de termos de dar o desconto para a tragédia, note-se…

Como o Legia demonstrou, continua a ser facílimo marcar um golo ao Sporting de bola parada: basta centrar a bola para onde não está o Capitão América e esperar que a lei da gravidade faça o resto, sendo que neste caso a bola é inevitavelmente atraída para a baliza.

A chicotada psicológica não funcionou, o que, parecendo que não, é positivo. Geralmente os jogadores que respondem a chicotadas psicológicas são jogadores psicologicamente frágeis. Um jogador estrutural e profissionalmente sólido não deve estar dependente de ter um treinador novo para jogar melhor. O Sporting do Domingos teria feito o mesmo resultado e o mesmo jogo na Polónia que o Sporting do Sá Pinto.

O verdadeiro impacto do novo treinador vê-se muito mais no longo prazo, e não é no pontapé na bola, que nisso os jogadores são iguais ao que eram antes. É na capacidade de aguentar a contrariedade, de suportar a pressão, de procurar o colectivo como solução, de jogar mais depressa, de fazer e sofrer pressão, nos pormenores que, todos juntos, fazem as pequenas diferenças que em competição cavam os grandes fossos entre as equipas. E que dão, centímetro a centímetro, muito trabalho até se conseguir fazer sem pensar. O jogo menos importante de um novo treinador é o primeiro.

6 comentários:

  1. Só me chateia é que o Porto passa a ter só o campeonato para se preocupar. O mês de Março será decisivo.

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    1. Isso so sera relevante se o Benfica baquear nos proximos 3 jogos. Se o Porto sair da Luz com 5 ou mais pontos de atraso, nao penso que serao facilmente recuperaveis. Os homens do apito estao ai a tentar fazer o trabalhinho deles, mas o Benfica ta muito forte no ultimo mes e meio.

      Sou do Jose Mota desde pequenino.

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    2. É isso Luis, por isso referi o mês de Março. Não perder na Luz e uma vitória para a Taça da Liga seria a estocada final.

      Já viram um TOC a cantar?

      http://gordovaiabaliza.blogspot.com/2012/02/gravatas-ja-danca-como-o-ronaldo.html

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  2. Uma humilhação em Manchester será sempre dolorosa. Espero bem que sejam goleados.
    Quanto a nós, cabe-nos chegar à Luz a não menos de 3 pontos e ganhar. Se isso acontecer, tanto faz que os tipos só tenham o campeonato ou não. Venha a 2ª feira.

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  3. Se o Sá Pinto fosse esperto orientava as coisas de forma a sair já da Liga Europa, temo pela lagartada, eles vão ser trucidados.

    Sem Dzeko no ataque, os gajos devem fazer 100m em 12 segundos com uma velocidade de reacção de poucos décimos, comparar isto com a defesa dos lagartos é de chorar a rir.

    Também estou ansioso por ver o duelo entre Capel, se entretanto recuperar, com o Micah Richards...

    Se jogar o Dzeko, a tua teoria de das bolas paradas, será mais uma vez comprovada.

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  4. A questão é se contra o Sporting entram estes ou os outros... Não é que os outros não ganhem à mesma, resta saber é por quantos.

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