quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cínico? Não: sínico

Não vi a entrevista do Vieira na televisão. Em primeiro lugar, esqueci-me. Em segundo lugar, mesmo que não tivesse esquecido, não teria tido paciência para ver mais do que cinco minutos. De qualquer forma, o que ele disse está resumido nos jornais e foi para isso mesmo que ele lá foi.

Quando se dá uma entrevista de fundo sem nenhuma razão de força maior, o timing é, por si próprio, oitenta por cento da justificação da entrevista.

O timing da entrevista foi muito bom, calculado para marcar o início da recta final e decisiva da época, que vai fazer dela uma boa ou uma má época. O que o Vieira foi à televisão fazer foi o seguinte:

1 - Atenuar o típico efeito prematuro de euforia que tão facilmente se apodera dos benfiquistas, um síndroma de ejaculação precoce muito vulgar, despoletado às vezes até por razões irrisórias, e que, desta vez, tendo maior justificação quer pela muito boa época que o Benfica está a fazer quer pela inaudita experiência de ganhar 5 pontos ao Porto e passar-lhe à frente em Janeiro arriscaria transformar o Estádio da Luz numa banheira de sémen e a chegar ao fim da época com os outros todos satisfeitos, agarrados ao caneco, e a dizerem: «Foi só isso?»

O Benfica tem quatro jogos para perder de 2 a 10 pontos, com uma eliminatória da Liga dos Campeões pelo meio que representa a maior oportunidade de carreira até agora para a maior parte dos jogadores do seu plantel. Se perder só 2 pontos, independentemente de com quem seja, o Benfica é campeão. Se perder 10 acaba a época no terceiro lugar do campeonato. Se perder de 5 a 7 depende de como os perder – se empatar em Guimarães ou na Académica e perder com o Porto, por exemplo, terá o segundo lugar no final; se fizer um ponto nesses dois jogos mas ganhar ao Porto ganhará o campeonato.

Ao dizer que «ainda há muito campeonato», Vieira está apenas meio certo, mas na metade que importa tem razão: muito não há, dura mais mês e meio/dois meses, mas neste mês e meio decide-se o campeão.

2 – Fortalecer o treinador antes das grane batalhas. Ao fim de três anos de pressão permanente, com bons resultados, já não deve haver jogador, sobretudo entre os mais calejados, que não deseje, secretamente, que o Jesus mude de ares para não terem de o ouvir mais. É perigoso deixar cristalizar este tipo de sentimento no seio de uma equipa que ainda não ganhou nada, porque pode, ainda que involuntariamente, começar a minar a autoridade do treinador. Quando se vai para a guerra, reforça-se o general. É bem jogado. Não é pouco provável que o Jesus saia do Benfica no fim desta época, sobretudo se for campeão: é um treinador que já não vai para novo, com mercado (sobretudo em Espanha, creio, pela questão linguística e cultural), que quererá experimentar outra coisa e que sabe que é sempre mais difícil renovar um título que ganhá-lo. Se aparecer um Valência ou um Sevilha, por exemplo, a chamar pelo Jesus, duvido que não vá. Os jogadores não são parvos e sabem disso, porque andam lá dentro. Nada melhor para lhes explicar que o chefe ainda é o Jesus do que dizer a televisão que o treinador para a próxima época ainda será ele, e dar a entender que se alguém se rebelar por achar que quando ele sair fica tudo bem está lixado porque tem de apanhar com o homem durante mais um ano.

3 – Preparar psicologicamente os benfiquistas para um acordo televisivo bem mais baixo do que aquele com que eles contavam, e para o prolongamento da relação com a Olivedesportos. Os 25 a 30 milhões que o Benfica fará com a Olivedesportos saberão a pouco depois de se falar em 40 milhões época. A pergunta sobre se os 25 milhões são o preço em que ele pensa, aliás, é colocada na entrevista por iniciativa do Benfica, não tenho dúvida. A jornalista não desencanta o número de dentro do cu. Off the record alguém disse ao editor dela qualquer coisa do género: «Isto não sai daqui, mas estivemos a fazer projecções e por menos de 25 milhões não ganhamos nada em vender os direitos.» A intenção era precisamente que a pergunta aparecesse, para o presidente poder dizer que não confirmava nem desmentia. É irrelevante. O número ficou em cima da mesa. A partir dele presumo que o acordo final andará à volta de 27/28 milhões por ano, ligeiramente acima dos 25, para o presidente poder dizer que foi um bom negócio, e abaixo da barreira psicológica dos 30, a partir da qual a Olivedesportos teria dificuldade em convencer alguém de que não tinha sido enganada. Eventualmente, as duas partes arranjam uma cinergia extra qualquer pelo meio para levarem o pessoal a pensar que o novo acordo não é só de direitos de transmissão mas uma parceria com outros contornos da qual ambos retirarão mais proveitos. É um bocado como as transferências de jogadores com extras por objectivos – na prática, é treta, só para aí uma em dez vezes é que há extras, de facto, a serem pagos (neste caso do Lucho, por exemplo, dos tais 18 ou 19 milhões que podia dar a transferência para o Marselha, entre os extras que não vieram e os 3 ou 4 que foram perdoados o Porto deve ter recebido pouco mais de metade), mas o pagode faz de conta que se deixa enganar para não ter de desistir das ilusões.

Seja como for, nos tempos que correm, se o Benfica vender os jogos por 27 milhões/época fica com as condições de subir à primeira divisão europeia, o que não é despiciendo.

No fim de contas, sobretudo daqui a dois ou três anos, quando as coisas não estiverem a correr tão bem desportivamente e a Sport TV retomar a linha portista que já fez escola lá dentro, o principal problema de Vieira vai ser explicar por que razão não deu um pontapé no traseiro à Olivedesportos quando teve oportunidade para isso. Aparecerá muita gente a dizer: «Vendemos por 27 milhões para reforçar o poder do sistema e continuarmos a ser roubados para dar ao Porto? Para isto mais valia não ter vendido, fazer metade das receitas e afundar o Tripanic.» E será um ponto muito relevante que, a seu tempo, se a Religião Nacional ainda não tiver sido comprada por investidores chineses, cá estaremos para discutir. Eu digo já que preferia ganhar 10 milhões por época na Benfica TV e afundar a grande âncora do sistema corrupto que é a Olivedesportos, a ganhar 27 milhões por época e continuar a alimentar o Porto. Porquê? Não é por vingança, nem nada que se pareça – até quero que o Oliveirinha tenha muitos netinhos para lhe rebentarem a fortuna toda. É por uma razão muito pragmática. Porque, como já disse aqui várias vezes, o poder relativo é mais importante que poder absoluto. Não importa ter muito, importa ter mais que. É a lógica do em terra de cegos quem tem um olho é rei, que entronizou o Pinto da Costa. É a regra do jogo.

Mas o que vai acontecer é a segunda hipótese, como já se tornou evidente. Ficarei à espera, com o dedo em cima da hiperligação a esta página para, na devida altura, vos poder dizer, à Jesus: «Eu não disse.»

(Acho que em vez da expressão «à patrão» podíamos começar a dizer «à Jesus», «à Jójó» ou «à Jota-Jota».)



O resto é palha. No que toca a gestão, as acções é que contam. Manter o Jesus no Natal do ano passado falou mais alto que vinte entrevistas, dadas em tempo de vacas gordas, a dizer que ele vai ficar, e negócios como o de Coentrão colocam as patacoadas das cláusulas de rescisão no devido lugar, assim como demonstram a verdadeira (e felizmente boa) capacidade negocial do Benfica.

É precisamente por as acções falarem mais alto que as palavras que somos obrigados a dizer que o Enzo e o empresário do Enzo ganharam. Nunca houve doença mais conveniente do que a da mãe do menino, alguns dias antes de fechar o mercado na América Latina, alguns dias depois de ele fazer o que o presidente exigira e pedir desculpas na Benfica TV, quando está pronto para voltar a jogar e com o Yannick contratado para o lugar dele.

Lamento pelo meu cinismo, mas não me papam por estúpido. A doença da mãe é treta (daqui a um mês está boa) e foi tudo combinado, provavelmente até com o Benfica, que quer vender o jogador sem o desvalorizar. No Verão aparece uma proposta e o Benfica vende o passe do jogador. O Enzo nunca mais volta a Lisboa, o clube salva a face (nessa altura já ninguém se lembra, sobretudo se se for campeão) e parte para outra. Não digo que não seja o melhor acto de gestão (é até bem criativo, surpreende-me a boa qualidade do trabalho, a que não estamos muito habituados), mas é mesmo isso: um acto de gestão, não um imprevisto, como se quer fazer crer.

Se estiver enganado, se a senhora estiver mesmo muito doente ao ponto de justificar que o filho tenha de estar com ela para conseguir dormir e jogar futebol, garanto que venho aqui mesmo, bato com a mão no peito, sujeito-me à vossa crítica mais feroz e, sinceramente, a minha consideração quer pelo Enzo Pérez quer pelo Luís Filipe Vieira até sobe. Não terei problema nenhum em admitir o meu erro de avaliação. Mas isto é uma história da carochinha do princípio ao fim, e para isso já não tenho rabinho.

20 comentários:

  1. Quem afirma que a perda do contrato de 15 (!) jogos do Benfica em casa é razão para a Olivedesportos ir ao fundo ou é ingénuo, não sabe fazer contas ou então é parvo! E com isto não é minha intenção estar a ofender alguém!

    Se houver alguma coisa que afunde a Olivedesportos será a economia, que diminua o número de assinantes de maneira drástica e os bancos se vejam obrigados a exigir o pagamento total das dívidas! Ainda é muito cedo para isso! Com o BCE a imprimir dinheiro a uma velocidade vertiginosa e a emprestá-lo aos bancos, não vejo como...

    O Benfica tem é de se preocupar consigo! E de tentar esfolar o mais possível o mercado, seja lá com que parceiro for, para continuar a crescer! Isto é competência e realismo na gestão! No resto, a Olivedesportos "que tenha muitos filhos pela barriga das pernas!", como dizia a minha avó.

    E o que é que interessa que o Porto fique com 80% dos direitos? O Benfica só tem de se preocupar consigo próprio, gerir bem o seu dinheiro, ser mais competente do que os outros e deixar que estes vão continuando a dar tiros nos pés, na tentativa vã de "ter mais poder" ou de "ser mais competente" do que o Benfica. O que aconteceu ao Sporting não irá ser caso único...

    Por fim, só quero dizer que se fosse eu a decidir, no caso de fazer contrato com os corruptos da Olivedesportos, falo-ia ano a ano. Assim mantinha-os agarrados pelos tomates, obrigando-os a negociar connosco anualmente, mantendo a rédea curta e podendo mudar de posição logo que surgisse uma melhor oportunidade no mercado.

    A Olivedesportos é corrupta porque ao longo da sua existência comprou tudo e todos, comprou a sua posição monopolista, oferecendo dinheiro e pagando aos gestores da RTP, por exemplo, a políticos, banqueiros e outros interessados para conseguir o monopólio. E continuam a pagar a quem detém ainda algum poder no futebol. Assim como os corruptos dos andrades fizeram com clubes, árbitros, dirigentes, juizes, etc. Mas quando a água seca, os peixes morrem... E neste momento estamos a viver uma grande seca.

    Não conheço algum monopólio ou ditadura que tenham durado para sempre. Mais tarde ou mais cedo caem que nem tordos! Vamos lá a ver quem segura a espingarda!

    PS. Acho prematuro dizer que o Enzo e empresário ganharam. A última palavra ainda não foi dita. O Benfica ainda tem a faca e o queijo na mão. E quem ri por último...

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    1. Essa do BCE andar a imprimir dinheiro é de rir.Assim estaríamos safos o que não é o caso.

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    2. Um contrato ano-a-ano é uma ideia ingénua. Não existe. É suposto a Olivedesportos ou qualquer outro operador comerem o que lhe põem, de forma unilateral, à frente sem estrebucharem? O contrato ano-a-ano seria o ideal para o Benfica, o que implica que não fosse nem de perto nem de longe o contrato ideal para a Olivedesportos. Isso é partir do princípio que o Benfica tem um poder negocial que nenhum clube do mundo tem, em nenhuma modalidade. Jamais a Olivedesportos assinaria um contrato ano-a-ano, sem garantias de continuidade, porque a intenção do Benfica seria, obviamente, ficar com a Olivedesportos na mão e fazer o seu preço todos os Verões. Nenhum gestor com amor pela própria pele jamais aceitaria ficar com essa espada da Dâmocles constantemente sobre cabeça.
      E, neste caso, porque não levar a ideia mais longe e negociar jogo a jogo, como ia fazendo o Vale e Aevedo com a SIC? Por uma razão simples: porque não é praticável.
      Uma das regras básica da gestão económica é a estabilidade a longo prazo. É um dos factores mais importantes para as empresas, muitas vezes mais importante do que ter um lucro de 7 em vez de ter um lucro de 5. Foi por essa razão que o Pingo Doce, por exemplo, foi para a Holanda. Paga os mesmos (poucos) impostos, mas lá sabe que não está dependente de troikas a mudarem as regras de seis em seis meses. Um empresa gerida a curto prazo é uma empresa ingovernável.
      A 3 anos, a 4 anos, eventualmente até a 2 anos, será exequível, mas mesmo isso é pouco praticável a não ser em casos excepcionais – como o que teria envolvido o Paes do Amaral, que queria usar o Benfica para fazer um rombo na Olivedesportos durante dois anos e depois entrar a sério no mercado.
      Duvido que o contrato entre o Benfica e a Olivedesportos venha a ter menos de 6 anos.
      O facto de ser um contrato, sempre, a longo prazo, faz com que não se possa falar em 15 jogos. Como «15 jogos»? Entre Campeonato, taças europeias, Taça de Portugal, Taça da Liga, amigáveis de Verão (que têm sempre mercado porque o pessoal está com fome de bola) a SportTV perderia mais de 20 jogos do Benfica por ano. Se considerarmos um contrato a 5 anos, por exemplo, estamos a falar de mais de 100 jogos de um clube com uma penetração de mercado quase tão grande como a dos outros dois grandes em conjunto.
      Se a Olivedesportos ia ao fundo por causa de 15 jogos? Não imediatamente. Mas começava, sem dúvida, porque perdia o seu maior trunfo competitivo. Tal como iria ao fundo se perdesse Porto ou Sporting, porque representam parcelas grandes do seu mercado. Simplesmente, com o Benfica, chegaria à linha de água mais depressa.
      Essa ideia do «grande demais para falhar» é chão que já deu uvas. Se estamos nesta situação económica é precisamente porque o que era «grande demais para falhar» falhou mesmo.
      Ouso dizer mais: se o Oliveirinha perdesse o Benfica ao fim de dois anos, no máximo, estava a vender a Olivedesportos aos espanhóis ou aos chineses e a dedicar-se a outro negócio qualquer. A única questão, aqui, é que a Olivedesportos não é apenas uma empresa: como diz o António Oliveira é o polvo Paul, o que vai adivinhando sempre os resultados.

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    3. Confesso que partilho mais a opinião do Manuel, em relação ao impacto da saída do Benfica da SportTV. Confesso que já pensei em acabar com a assinatura, mas o panorama televisivo cá em casa mudaria radicalmente. A SportTv é o canal mais visto, até pelo meu filho. Não é só o futebol nacional, é a NBA, é o wrestling, são os resumos dos campeonatos estrangeiros, a Liga inglesa, etc. A SportTv tem uma oferta larga e interessante, como canal desportivo.
      Confesso que só o Benfica me faria deixar de o assinar, mas teria de pensar muito bem. Não creio, seguramente, que todos os Benfiquistas deixassem o canal de modo imediato, pela oferta restante e pelos jogos fora.
      Penso, por isso, que a saída do Benfica não significaria, de modo automático, o declínio da SportTv. Sinceramente, acho um pouco ilusória essa idea. Posso estar enganado, claro, mas isso só um estudo de mercado, que o Benfica devia fazer, pode estimar...

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  2. Um novo contrato de longo prazo com a Olivedesportos (e estou com o Hugo quando diz que seria por volta de 6 anos) 'e meio caminho andado para se assistir a um novo tetracampeonato do Porto.

    Para sermos os maiores de Portugal ainda esta decada, o acto singular mais importante seria enfraquecer a Olivedesportos nao renovando com eles. Esse passo pelo que parece nao sera dado pelo Benfica. 'E pena. Talvez a proxima decada seja a nossa! (Ja ouvi isto em algum lado...)

    A Benfica TV poderia facilmente tornar-se uma empresa-filha do Benfica. Sim, sozinhos perderiamos dinheiro pelo menos nos anos iniciais, mas com o acumular de experiencia e know-how e desenvolvimento de parcerias estrategicas, com o andar do tempo iriamos tirar mais proveito do potencial economico e financeiro dessa venture, ao nivel da publicidade, venda de direitos e afins.

    O ponto que nao vi ninguem ainda pegar 'e o seguinte: existe algum imperativo que diz que a Benfica TV so pode passar jogos do Benfica?

    O quero dizer 'e isto: com o desenvolvimento das sinergias que falei e do desenvolvimento do modelo em si, numa segunda fase esta empresa poderia atrair outros clubes da primeira liga, o que significaria os direitos de ainda mais jogos do Benfica e alguns de Porto e Sporting, mas mais importante ainda, a empresa poderia competir com a Olivedesportos na compra dos direitos da champions e liga europa, liga BBVA, etc.

    Ou seja, se ja numa fase inicial o Benfica TV teria forca suficiente para atrair um numero grande de assinantes e tirar muito dinheiro 'a sporttv, numa segunda fase, adquirindo os direitos de outras competicoes, poderia praticar precos na ordem dos que a sporttv agora pratica, ao mesmo tempo que enfraqueceria a olivedesportos ainda mais.

    Arriscado? Sim. Mas todos os grandes negocios o sao. Nao tenho duvidas que no espaco de 5 anos a empresa daria lucro e no espaco de 10 poderia destronar a Olivedesportos como o canal nr 1 de desporto.

    Desejavel para quem deveria ser sobretudo um clube de futebol? Nao. Mas como lider do Benfica eu ver-me-ia forcado nesse sentido, por uma razao muito simples. A Olivedesportos 'e pelo Porto e o sucesso desportivo do Porto de ha muito tempo para ca que passa pelo sucesso da Olivedesportos.

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  3. O Benfica tem o direito e a posição de colocar as condições que entender. Assim como coloca na mesa a quantia anual que entende receber, também pode impor outras condições. Se são aceites ou não esse é um problema da outra parte. Agora, partir para uma negociação já a dizer que o outro parceiro não irá aceitar determinada condição é partir para uma negociação já derrotado. E isso, pelo menos comigo, não aconteceria de certeza. Graranto-vos que se isto fosse comigo, outra coisa que não fosse fazer os contratos anuais, não aceitaria.

    Falar de estabilidade é tudo muito bonito para os teóricos. Haverá maior instabilidade do que a Olivedesportos perder o Benfica? A estabilidade é apenas uma componente da gestão. Uma componente menor. Será importante para uma pessoa que procura emprego como funcionário público: procura estabilidade. No entanto, nos tempos actuais, cada vez menos...

    Querem maior instabilidade do que a própria vida? Estabilidade existe na morte e ninguém quer estar morto! :-)))

    A saída do Benfica da Olivedesportos, mesmo que sejam 20 ou 25 jogos por ano, não irá implicar o seu fecho nem em 2 nem em 3 anos. S ele depois decide vender ou não, isso já é outra questão e problema dele.

    O Benfica tem apenas de colocar as suas condições na mesa, sempre com outra solução no bolso de trás, para o caso de ser recusada. E depois, se quer, quer, se não quer que vá dar uma volta ao bilhar grande (que é o que eu quero). :-)))

    O Benfica tem é de continuar a ser cada vez mais competente. Isso implicará que continuará a crescer cada vez mais, e a preocupar-se apenas consigo próprio.

    PS. Xirico, não te rias tanto, pois é verdade. Eu sei do que falo. Até te posso dizer a quantidade de euros que imprimem por semana ou mês. LOL! Por exemplo, desde agosto do ano passado já vão em mais de 600 biliões (milhares de milhões) de euros. Como é que achas que as bolsas tenham subido tanto nos últimos meses? Será pelos lindos olhos dos gestores das empresas cotadas? E como é que achas que Portugal, Grécia, Itália, Espanha, etc tenham vendido tantas obrigações desde o verão? Achas que foram os marcianos que as compraram?

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    1. Manuel:estás a dar-me uma novidade pois pela conversa da Markosy,os alemães tem pavor em emitir moeda e tem sido uma guerra nos media acerca disso.Mas como não estou totalmente ciente desse assunto vou dar como boa a tua informação.

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    2. Tens razão Xirico, os alemães têm pavor da emissão de moeda pois têm ainda bem presente na memória a inflação dos anos 20 e 30 que os arruinou. Só que a realidade actual é completamente diferente. E entre dois males escolhe-se o menor. Ou por outras palavras, "they kick the can down the road", na esperança de que melhores dias virão.

      Actualmente o perigo da inflação é muito pequeno pois existem pressões deflacionistas muito fortes em todo o mundo. De modo que a emissão de moeda tem tido uma influência muitp pequena na inflação, que está a ser muito bem controlada e vigiado por toda a gente, até pelos jornalistas. lol.
      Depois os jornais não contam tudo e além disso o BCE e os outros bancos centrais que estão a fazer a mesma coisa, têm maneiras de emitir a moeda sem que se note muito. lol.
      Mas se não houvesse emissão de moeda os bancos gregos e portugueses, para não ir mais longe, já tinham ido à falência.

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  4. Granda jogatana do Proença, pá… Já não se via um trabalho assim, num jogo desta importância, há uns tempos.
    Bolas, até eu tive vergonha e estava só a ver na televisão.
    Houve ali um momento, já com o 2-1, em que apareceu o Domingos de relance. Havia nele uma expressão de bem-estar com tudo aquilo, como se o próprio universo estivesse em conformidade consigo próprio, que me trouxe tantos momentos à memória, mas tantos…

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  5. Eu não digo que não fosse bom para o Benfica o contrato anual. O que eu digo que é não é possível. Não existe. É um não-assunto. É a mesma coisa que dizer: «Escusam de aparecer, não estamos interessados em fazer negócio.» Se fosse essa a intenção, tudo bem, é uma estratégia legítima. Eu também gostava que Benfica fizesse finca-pé nisso, porque era a maneira de não haver negócio com o Oliveira, mas não vai acontecer.

    Não se deve confundir o que é a estabilidade num sentido lato, ou filosófico, com o que significa estabilidade para uma empresa no mundo real. Numa empresa da dimensão de uma Olivedesportos as condições de longo prazo (taxas de juro, impostos, etc) em que se exerce a actividade não é menor, é fundamental. Nenhuma empresa grande existe sem ter uma ideia relativamente segura de quanto é que vai fazer em receitas nos três ou quatro anos seguintes e de quanto é vai gastar em custos de produção. As que não têm são as que fecham. Não é teoria, é prática, e não sou eu que o digo, que de economia percebo muito pouco ou nada – é, por exemplo, o Paul Samuelson, que é Nobel.
    Eu cá, pessoalmente, à estabilidade, tenho alguma aversão, mas eu também não tenho de pagar salários e décimo-terceiro mês a ninguém…

    O que o Pais do Amaral queria fazer era uma espécie de dumping – perder voluntariamente dinheiro durante um período inicial para conseguir eliminar a concorrência e garantir um negócio que, posteriormente, poderia começar a rentabiizar. Daí se falar só em dois anos. Seria o tempo suficiente para fragilizar a Olivdesportos o suficiente, em termos financeiros, para a vulnerabilizar e a eliminar. A Olivedesportos, com ou sem Benfica, nunca falirá enquanto não tiver concorrência. Mas se o Benfica saísse a concorrência apareceria imediatamente. O facto do Paes do Amaral não ter avançado pode significar duas coisas: ou era demasiado caro e não valia a pena ou não tinha dinheiro para empatar neste momento.
    Agora, uma coisa é certa: o negócio da Olivedesportos não é nem a Académica, nem o wrestling, nem a NBA, nem tão pouco o Real Madrid. O negócio da Olivedesportos é vender Benfica, Porto e Sporting. É agora, com o monopólio do mercado, e vai continuar a ser durante os próximos cem anos, porque não há mais nada para vender que já não vendam – até vela e gajas em roupa interior a fingir que jogam futebol americano. Se uma dessas três partes deixar de ser vendida a Olivedesportos vai mesmo à viola.
    E como seria bonito de ver…

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  6. A questão dos três grandes na Sport TV é como a do petróleo: o problema não é quando vai acabar, o problema é quando a produção não chegar para alimentar o consumo e inflaciona os preços de tal forma que a economia entra em colapso.
    A Olivedesportos, sem Benfica, continuava a ter o resto, incluindo Porto e Sporting, mas só isso não lhe chegava para manter uma oferta suficientemente apelativa. Não basta produzir, para existir é preciso continuar a produzir em quantidade (no caso da OD em qualidade) suficiente.
    Imaginemos, por exemplo, este cenário: A OD perde uma boa parte das assinaturas dos benfiquistas e, para manter a sua oferta de outros produtos (das liga italiana e francesa, por exemplo) teria de ir buscar receitas ao único sítio em que as pode ir buscar, ou seja, às assinaturas. Imaginemos que, para manter a qualidade actual e ainda compensar a ausência do Benfica indo buscar novos produtos, teria de aumentar as mensalidades, no espaço de 2 anos, em 5 ou 6 euros. Quantos assinantes perderia? Ou seja, a questão é esta: em que ponto é que a Sport TV, simplesmente, deixaria de ser rentável, mesmo tendo uma grande carteira de clientes?
    Benfica, Sporting e Porto são os três pilares da Olivedesportos. Sem um deles, o edifício cai.

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  7. Hugo, depois do post e dos teus comentários mais força dás à razão de nós, Benfica, sair de vez da OD. Neste momento dá ideia que o poderemos fazer, sempre num prisma de alto risco, mas seremos sempre uma minoria a pagar um canal extra na tv cabo. É veres os velhos com a confusão da TDT e imagina quantos ainda nem sequer têm tv cabo, quanto mais sporttv ou vir a ter BTv paga.

    Resumindo a minha ideia, eu tenho noção que sou pouco eloquente, penso que a melhor solução será sempre a OD, era preciso uma força massiva dos Benfiquistas para nos metermos nessa "aventura" sozinhos.

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  8. Hugo,

    A Olivedesportos terá sempre o Benfica fora nas competições internas e o o Benfica na Champions e, em caso de saída, até o teria mais do que o não teria (Champions sempre, logo 6 ou mais jogos, mais 15 do Campeonato fora). Esse é que é o problema.

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  9. Dois argumentos válidos, sem dúvida – sobretudo enquanto a Benfica TV estiver vinculada em exclusividade à MEO.

    Só para acabar de espancar o ceguinho:

    A ligação à Olivedesportos é praticamente inevitável, como é óbvio, num cenário monopolista.
    Mas o pior disto tudo não é isso. É eu sentir que, por uma conjugação de factores (bom momento desportivo, a dar a entender que a correlação de forças mudou; amizade pessoal entre o Vieira e o Oliveira; péssimo cenário macro-económico; fim de contrato) o Benfica está a ser gentilmente conduzido a uma situação, a bem dizer, inevitável, mas com uma benevolência da sua parte que o pode vir a entalar completamente daqui a dois ou três anos.
    O momento de assinatura deste contrato é, provavelmente, o mais importante desde o tempo de Vale e Azevedo, e a coisa, na prática, está perfeitamente encaminhada para a manutenção do statu quo que subsiste . A verdade é essa. A única coisa que vai mudar depois disto é que o monte de merda se vai tornar maior. O Benfica está a ser encaminhado para o redil, e vai indo mansinho.

    Serei o único a estranhar o facto de não se ter ouvido uma única palavra de Jorge Nuno Pinto da Costa depois dos jogos de Vila da Feira e de Barcelos? Passa pela cabeça de alguém que, perante aquele cenário, Pinto da Costa não viesse imediatamente tentar capitalizar benefícios futuros? Por muito menos já ele fez muito pior, e em nenhuma dessas outras ocasiões tinha acabado de ficar a 5 pontos do Benfica depois de estar à frente durante 10 jornadas.
    Serei o único a pensar que nem que o árbitro invente três penáltis a favor do Benfica em Guimarães nos últimos 10 minutos e dê a vitória por 3-2 ao Benfica se vai ouvir o Pinto da Costa a falar de árbitros se nessa altura o contrato entre o Benfica e a Olivedesportos ainda não estiver assinado?
    Sou o único a reparar que o Benfica nunca esteve tão à vontade, em termos de domínio do ambiente mediático, como neste momento, em que deveria estar sob ataque cerrado do Porto?
    Sou o único a achar que isto não é coincidência?
    O Benfica vai assinar com a Olivedesportos, mas espero que só assine depois do jogo com o Porto, e é se ganhar. Senão, que assine só no fim do campeonato, ara ter a certeza que ele não foge.
    Mas o que me preocupa não é este campeonato. O que me preocupa é que possamos pagar muito caro por ele, e que daqui a três ou quatro anos, como já referi, possamos estar aqui a lamentar o facto de não se ter aproveitado a oportunidade para desferir uma facada no coração do sistema, de se ter voltado à vaca fria, de tudo estar igual ao que era e de, nessa altura, o Benfica estar entalado lá dentro, sem se poder mexer.

    E com isto enterro, da minha parte, o Joaquim Oliveira. Fosga-se, que já estou farto do homem e nem o conheço nem nunca me foi apresentado, penso eu de que…

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  10. As tuas últimas dúvidas são absolutamente pertinentes, Hugo, e colocas-te-as de uma forma tão convincente que, de facto, tenho de reconhecer que isso dá que pensar. Eu acho absurdo que se assine o contrato sobre as transmissões antes das eleições. Bem sei que Vieira pensará que são favas contadas, mas o contrato só deveria ser assinado pela nova Direção.

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  11. Hugo, concordo contigo no que dizes, que valia a pena o Benfica correr riscos neste momento. Os riscos seriam ganhar um pouco mais do que se ganha actualmente, mas ganhar menos do que se assinasse com a OD. Sacrificar um pouco o lucro a curto prazo para o ganhar, eventualmente, a longo prazo. O risco faz parte da vida e eu, pessoalmente, nunca tive medo de arriscar.

    Acho que se poderia utilizar a BTV como meio de propagar o futebol profissional do Benfica por todo o mundo e com os jogos internos seria um belo começo. Isto no caso de tecnicamente ser possível, viável e rentável, um campo em que sou totalmente ignorante.

    Todos os começos são difíceis e leva tempo a desenvolver um novo negócio, qualquer empresário que tenha começado uma empresa o sabe.
    LFV que é empresário, tem a faca e o queijo na mão e apenas temos de confiar na sua competência e intuição.

    Quanto à estabilidade nos negócios podíamos escrever um livro sobre isso.
    Mas acho que isso é o que menos consta na agenda de uma empresa como a OD. Os investimentos estão todos feitos. Agora o que ele quer é continuar a ordenhar a vaca, "the cash-cow", e amortizar um pouco do passivo gigantesco que tem.

    Não devemos colocar uma ênfase demasiado grande na "amizade institucional" entre o LFV e o JO. Não nos podemos esquecer que este é, penso que ainda, um grande accionista de uma empresa do Benfica. Por isso, e até por uma questão de civilidade entre empresários, tem de haver sempre alguma "amizade institucional". Nada de estranho. É o mesmo que acontece com os políticos de diferentes quadrantes. Não podem andar à batatada uns aos outros. Ou melhor, podem, mas não convém.

    Embora alguns benfiquistas gostassem que isso acontecesse. Seria giro ver o LFV dar duas pêras no JO em pleno estádio da Luz. LOL!! Seria levado em ombros!! Com direito a rabo e orelhas! lol!

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  12. Estavam os dois a ver a bola e via-se, na televisão, o Vieira a olhar para o Oliveira, sentado ao lado, e a dizer:
    - Mas o que é que tu queres, c….?
    E o outro:
    - Que é que foi? Vão bardam…., homem.
    - Mas vai bardam…. o quê, ó c…..? Ai o c……!
    - Fod…… Senta-te mas é e vê a bola ó c…….!
    - AI O CAR…..!!!
    - F…..-SE!!!
    - Ó FILHADAP………!!!
    E levanta-se, alçava da luva ao retardador, por causa do schnaps ao jantar, e quando o outro se ia a levantar ZÁS, PÁS, dois directos no trombil.
    E depois era tudo a agarrar os homens e o pessoal todo a cair para trás com o peso das barrigas.
    E o jogo a parar a ver os gordos lá em cima à pêra, os jogadores a rirem-se em directo na televisão, o Jesus de braços cruzados, a mascar a chiclete de boca aberta e com aquele sorrisinho à Brandoa, de quem já virou muitos frangos, a curtir a cena, o pessoal cá em baixo «olha, olha, olha o gajo a alçar a perna pra lhe dar um biqueiro!».

    Épico…

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