quarta-feira, 19 de junho de 2013

Até sempre

Ainda me custa a crer que uma paginazita que criei na Internet, há cerca de dois anos, para desabafar sobre futebol, e escrita nos intervalos da minha vida real, tenha ultrapassado as cem mil visitas de pessoas que não me conheciam. Agradeço-vos a atenção, pedindo perdão pelos excessos, e gabo-vos a paciência.

De qualquer forma, hoje é dia de informar que, por razões profissionais, vou suspender a minha actividade na blogosfera por tempo indeterminado. O tipo de intervenção que vou mantendo aqui (e que iria manter, porque acho que o blogue serve para isto, e não para uma espécie de actividade acrítica, politicamente correcta e estéril) seria incompatível com os projectos pessoais que estou neste momento a começar.

Se alguém estiver disposto a isso, e tiver feitio para tal, que deixe ligado um aviso de actividade, no caso de, um dia, ela ser retomada. Mas não posso garantir que isso aconteça, pelo menos nos próximos meses/anos.

É verdade que, quando comecei a escrever no blog, a minha intenção era esmiuçar toda a coisa da bola, mas, inevitavelmente, acabei por esmiuçar sobretudo o Benfica, por motivos passionais - como se costuma dizer daqueles crimes de amor.
Devo dizer que isso seria inevitável.
De facto, os últimos dois anos, com todas as suas vicissitudes, apenas serviram para me assegurar de uma ideia que tenho desde há muitos anos - desde ainda antes do clube ter caído no fundo do poço: a de que o Benfica joga sozinho.

O Benfica, em Portugal, joga consigo próprio. A ideia de que o seu sucesso ou insucesso depende dos outros é uma falácia, que os próprios adversários acabam por desmascarar, ano após ano. Esta época foi um excelente exemplo disso.
A atenção dada às derrotas do Benfica, por portistas e sportinguistas, supera esmagadoramente a atenção dada aos sucessos e insucessos dos seus próprios clubes.

No dia em que o Benfica conseguir mobilizar todos os seus recursos culturais, materiais e humanos, não só continuará a ser o maior como tornará a ser o melhor de Portugal, independentemente do que os seus rivais internos conseguirem fazer – ou seja, regressará ao ponto em que estava no momento em que se tornou maior que o país e foi obrigado a consumir-se a si próprio para continuar a viver.
Desta vez, contudo, não encontrará as mesmas condicionantes do tempo anterior. Desta vez, quando tiver de encontrar alguém a quem superar, não encontrará apenas sombras dentro de fronteiras fechadas, mordendo-lhe os calcanhares, mas gigantes, lá fora, num mundo em que as fronteiras deixaram de existir.

Algo me diz que, da próxima vez que voltarmos a falar, não estaremos à procura de uma forma de ganhar ao Porto, mas ao Barcelona.

Até esse dia, um abraço sentido a todos.

Hugo

terça-feira, 4 de junho de 2013

Jesus (2) – A Falsa Escolha de Vieira

Não tenho dúvidas de que Pinto da Costa está a fazer todos os possíveis para convencer Jesus a dar o dito por não dito e a levá-lo para o Porto.
Digo «está a tentar» e não «tentou» porque, enquanto o Vieira e o Jesus não se sentarem na sala de imprensa a assinar contrato o Jesus ainda não é o treinador do Benfica para a próxima época. Só por isso é que o Porto ainda não tem treinador. Só por isso é que se está a prolongar a ópera bufa do Vítor Pereira (a quem, de certeza, já arranjaram trabalho), fazendo de conta que a renovação está em cima da mesa.

 Pinto da Costa vai levar a tentativa até ao minuto anterior do anúncio da renovação de Jesus porque o que lhe interessa, verdadeiramente, não é contratar Jesus, mas sim derrubar Vieira, que teve o mérito (dê-se-lho) de se constituir como seu único verdadeiro adversário, em 30 anos, além de João Rocha, embora este numa altura em que Pinto da Costa ainda era apenas um projecto daquilo em que se tornaria.

A escolha de Vieira entre renovar ou não renovar com Jorge Jesus é falsa porque não há escolha. O fim do mandato de Vieira como presidente do Benfica será determinado pelo momento da saída de Jesus, e esse vínculo não está a ser assumido agora.

Há dois anos, no final da segunda época, Vieira fez o que um bom presidente faz: contra o usual coro dos insatisfeitos, que fazem todas as suas aparentemente elaboradas reflexões, na verdade, a partir dos resultados

(reconheço sempre a qualidade e a validade de um comentário pelo distanciamento que apresenta em relação aos resultados. Um mau comentador, como o Rui santos, é aquele que é capaz de mudar radicalmente a sua análise de uma semana para a outra quando os resultados mudam)

manteve o treinador. Isso, só por si, já foi uma evolução na história do Benfica dos últimos 30 anos.

 O ano passado, sim, foi decisivo.

Jesus tinha mercado, o Porto já não constituía uma ameaça – uma vez que Pinto da Costa não conseguiria despedir Vítor Pereira nessa altura, tendo contrato, para o trocar pelo treinador a quem ele tinha ganho, por mais voltas que desse, sem passar por fraco –, Jesus tinha acabado de revelar todas as suas fragilidades como gestor do plantel, havia uma larga maioria de adeptos que já não o queriam, o ciclo normal para o futebol português estava claramente esgotado e, sobretudo (de um ponto de vista de uma boa direcção desportiva o factor mais importante de todos) a equipa deixara de evoluir.

Foi nesse momento, mesmo que não o tenha percebido bem, que Vieira abriu a porta à grandeza – que pode ou não acontecer, sejamos claros, e aqui sim, os resultados terão de falar, porque não há grandes clubes sem resultados no final dos projectos – vinculando o seu legado desportivo como presidente do Benfica ao desempenho do treinador que assumiu.

Diga-se, em abono da verdade, que Jesus foi o primeiro treinador que Vieira escolheu desde o dia em que entrou no Benfica a última pessoa que também tinha escolhido: José Veiga. Depois disto, este e Rui Costa não foram capazes de manter ou alcançar o sucesso. Aonimpôr a contratação de Jesus ao Braga, Vieira começou a atar-se. O ano passado acabou de dar o nó.

O erro de Vieira, no ano passado, não foi ter tomado a decisão. Apesar de eu ter sido contra ela – não por causa dos resultados mas porque, na minha opinião (como acho que ficou provado), a equipa estagnaria em termos de evolução, o que a levaria, muito provavelmente, a não alcançar resultados – a decisão de manter Jesus era aceitável, e até a mais óbvia, ainda que não fácil.

O erro de Vieira, ou por não ter compreendido plenamente a situação (afinal, havia décadas que um treinador não começava uma quarta época no Benfica, muito menos sem ganhar nada de jeito há duas épocas) ou por medo e um excesso de tacticismo que lhe terá retirado audácia, não foi ter mantido o treinador, mas, logo aí, não ter assumido o seu vínculo a ele, e não lhe ter renovado o contrato por mais três anos. Porque, na prática, ao mantê-lo o que estava era a fazer isso mesmo, só que sem contrato. Com a desvantagem de que, dessa forma, teria matado a ameaça de Pinto da Costa à nascença.

Não foi preciso chegar à semana antes da final da Liga Europa e à afirmação de que «Jesus é o treinador do meu projecto» para se saber que isso é verdade, e que Vieira, na verdade, não tem escolha, nem sequer tem margem negocial. Quando eu lia que ele queria cortar o ordenado ao Jesus, pensava: «Só não o vais ter de aumentar se ele não quiser.» O Jesus é um animal de jogo, tem os bluffs todos, tem tomates, e manipulou o Vieira direitinho, até ao ponto d éter a faca e o queijo na mão, mesmo sendo o elo mais fraco (um bocado como o Portas com o Passos Coelho…).

O fim de Jesus vai determinar o fim de Vieira, quer ganhe quer perca.

Se ganhar, vai até ao fim, que será determinado por Vieira (e temos de começar a pensar nesta coisa da manutenção ou não do estado de emergência que justifica a permanência de Vieira, porque, independentemente do valor do homem, a verdadeira força do Benfica é a democracia …).

Se perder, sai, e Vieira, mesmo ficando, não dura mais de uma época depois disso.

Por um lado, porque o fracasso desportivo e pessoal será demasiado pesado.

Por outro porque, apesar da fragilidade da estrutura económica dos clubes grandes em Portugal (passivos monstruosos, sobredependência de receitas extraordinárias), a percepção que passa para os benfiquistas é de que o problema financeiro que levou à eleição de Vieira está resolvido.

O clube tem um volume de receitas ao nível dos vinte melhores da Europa, enveredou pela inovação, como é exemplo a Benfica TV e a transmissão dos jogos, e subiu de divisão ao nível da venda de jogadores. Perante a fragilidade do Sporting, a subida ao pote 1 da Champions (que se vai manter, até porque, em relação ao Porto, por exemplo, este terá de voltar a ganhar a Liga Europa na próxima época para não ser ultrapassado), e a manutenção de três lugares de acesso à Champions para os próximos quatro/cinco anos, será quase impossível o clube voltar a cair. E isso, mesmo que isto seja cruel, será verdade quer Vieira continue quer não – algo que os futuros candidatos (que aparecerão em caso de fracasso desportivo, ninguém o duvide, e não serão andorinhas do Norte) facilmente demonstrarão.

Aliás, interpreto a pressão por parte dos notáveis do Benfica para o despedimento de Jesus como início da fase estratégica pré-eleitoral, tendo eles a exacta percepção de que a porta por onde Jesus sairá será a mesma por onde Vieira vai sair.

Esta é a natureza competitiva da democracia, é assim que os mais aptos têm a sua oportunidade e não é por isso que os clubes ficam mais fracos. Alongo prazo, aliás, esse factor democrático é a sua verdadeira força, independentemente das fases degenerativas. Olhem para o Barcelona, para o Real Madrid, para o Manchester United.

Eu,pessoalmente, não tenho medo do pós-Vieira. Acredito no Benfica real, no Benfica do povo, da opinião, da união, do colectivo. Esse Benfica do regime que os portistas querem inventar não existe a não ser na cabeça deles, e os benfiquistas não devem ter medo desse fantasma. A saída, em breve, de Vieira, demonstrará a diferença entre um clube que vive realmente na vontade das pessoas que o compõem e os clubes que só se realizam como manifestações pessoais.

Afinal, é muito mais fácil de colar regimes a clubes que ganham durante cem anos do que aceitar a evidência de que, em cem anos, só se ganha com um presidente.

Da mesma maneira que é fácil falar em regimes e difícil de aceitar que Pinto da Costa está quase há tanto tempo no Porto como Salazar esteve no Conselho de Ministros.

(Próximo post: Jesus (3) – Ponto de Horizonte)

sábado, 1 de junho de 2013

Jesus (1) – o Melhor Ano


Antes de mais nada, um acto de contrição: sinceras desculpas por alguns excessos no último post. É da azia. Peço que entendam. Não tem sido fácil.
Posto isto…

Ponto 1

Jorge Jesus fez este ano a sua melhor época no Benfica. Melhor do que a primeira. O título ganho na primeira época foi resultado de uma combinação de qualidade e oportunidade, com maior pendor para a segunda.

Em 2009 Jesus entrou no Benfica nas melhores condições possíveis para um treinador com as suas características:

– Expectativas muito baixas, considerando os resultados nas temporadas anteriores, que situavam o Benfica no terceiro lugar do ranking nacional, a ameaçar descida para o quarto perante a subida do Braga, e a competir na Liga Europa, o que permitiu evitar alguma derrotas comprometedoras na decisiva primeira metade da época, em que a equipa estava em fase de construção anímica;

– Um plantel com um valor muito acima dos resultados recentes, mal explorado e habituado a um nível de exigência próprio de uma equipa do meio da tabela. A um grupo de jogadores que rendiam metade do que valiam, ou mesmo emprestados (David Luiz, Cardozo, Di Maria, Fábio Coentrão, Aimar) foram somados jogadores como Javi Garcia, Saviola ou Ramires (o melhor médio que passou pelo Benfica nos últimos quatro anos). O ponto forte de Jesus é precisamente o melhoramento do desempenho individual dos jogadores;

– Um Porto acomodado ao tricampeonato e demasiado seguro da sua superioridade, que o levou a menosprezar o campeonato e a chegar ao Natal já em terceiro lugar.

O sucesso da primeira época, em termos de resultados, deveu-se, mais do que a uma qualidade de jogo que, na verdade, nunca existiu realmente, à dinâmica de vitória criada a partir da conjugação destes três factores, sustentada no factor surpresa. Pela primeira vez em muitos anos o Benfica apareceu a jogar como uma equipa grande, a apostar no ataque, com um estilo rápido, para o qual os adversários (Porto incluído) não estavam preparados, o que lhe permitiu fazer uma boa primeira metade do campeonato e ganhar a vantagem necessária para ser campeão. Os jogadores passaram de render 50 por cento do que podiam para render 80 por cento (e só não renderam nem rendem mais porque, daí para cima, só lá vão com a ajuda do colectivo).
Tirando isso, o Benfica campeão, que foi eliminado da Taça de Portugal em casa pelo Guimarães e que não passou dos quartos-de-final na Liga Europa, ganhando uma Taça da Liga a um Porto por essa altura moralmente destruído, era uma equipa que defendia relativamente mal, sem um jogo colectivo definido, incapaz de jogar em mais de uma velocidade e de se proteger, com grandes dificuldades para aguentar os jogos de alta pressão – ganhou ao Porto por 1-0, na Luz, com um golo em fora-de-jogo e cheíssimo de sorte, ao Braga, também por 1-0, com um golo a poucos minutos do fim, e perdeu nas Antas e em Braga. Jogando a Champions e com um Porto normal, nessa época, o Benfica, que chegou às últimas três jornadas já sem gasolina no tanque, não teria sido campeão.

A segunda época foi a do deslumbramento, natural para um clube que ganhou sem saber muito bem como depois de muito tempo de frustração; para um presidente que julgou que aquele título mudava a maré histórica; para um treinador habituado a treinar equipas do meio da tabela que, no primeiro ano num grande, se convence de que tinha tido sempre razão e que era fácil ser campeão (muito alimentado pelas bacoradas e pela falta de sentido crítico quer dos adeptos quer dos vendedores de jornais); para um grupo de jogadores que nunca tinha tido verdadeiro sucesso desportivo e que também se deixou convencer de que jogava muito melhor do que realmente jogava.

A super-época do Porto não esteve directamente relacionada com o lado negro da força que a Luz revelou nesse ano. Ajudou a desmoralizar (sobretudo com aqueles 5-0), mas não foi por causa disso que o Benfica falhou. Quando levou 5 nas Antas, à 9.ª jornada, já o campeonato estava perdido havia muito. Não era preciso o Porto do Villas-Boas: o Porto de Jesualdo teria ganho facilmente aquele campeonato.

A época da verdade do Jesus, no Benfica, foi a terceira. O nível de pressão era o normal, o Porto partia também a um nível normal, a equipa estava estruturada, o tipo de jogo estava definido, competiu-se na Champions, o Jesus e o Vieira tiveram tempo e espaço para planificarem tudo o que havia a planificar, desde que soubessem.

E o que é facto é que tudo o que é frágil e tudo o que é forte na liderança técnica de Jesus ficou claro como água durante a época passada. Já nem é preciso, julgo eu, bater mais no ceguinho. O Jesus implementa um estilo ofensivo, rápido e pouco pensado no ataque, pouco colectivo, em que os jogadores estão bastante conscientes das suas funções individuais e geralmente indiferentes à necessidade do jogo em conjunto, que não é capaz de gerar soluções de equipa de forma sólida, sobretudo contra as melhores equipas. Isso deixa demasiada pressão no único mecanismo defensivo que, actualmente, o Benfica executa bem: o fora-de-jogo. Todos os outros processos defensivos (incluindo a posse de bola defensiva) são abaixo da média para uma boa equipa europeia.

O tipo de jogo do Benfica de Jesus está formatado para ganhar 95 por cento dos jogos contra equipas de nível médio e baixo, permite-lhe competir (embora com pouca segurança) contra equipas de nível médio-alto, e dá-lhe muito poucas hipóteses de ganhar jogos de alta pressão. Por exemplo, se retirarmos da equação os jogos para a Taça da Liga, em 11 jogos contra o Porto o Jesus ganhou um, em que o Saviola marca o golo numa posição de fora-de-jogo muito mais clara que a do Maicon no ano passado.

Este ano a prestação de Jesus foi claramente melhor que no ano passado. Fez melhor no campeonato, nas taças europeias e na Taça de Portugal, partindo de uma situação de pressão muito maior, dada a forma como perdeu o campeonato no ano passado, e perdendo o seu meio-campo no início da época. Fez o que sabe fazer melhor (trabalhar individualmente jogadores, o que lhe permitiu inventar Matic, Enzo, Melgarejo e André Almeida). Teve a ajuda das lesões e dos castigos na gestão do plantel, mas, com muita sorte à mistura, soube levar um barco curto até duas praias – campeonato e Liga Europa – praticamente sem soluções para além dos 12/13 homens de campo que iam jogando.

Em resumo, há três razões para alguns (muitos? poucos?) benfiquistas que antes gostavam do Jesus acharem agora que ele não deve renovar com o Benfica, e duas delas não fazem sentido:

1.ª – Porque os resultados foram maus.
Não faz sentido. No ano em que foi campeão, o Benfica fez 76 pontos. Este ano fez 77. Foi o melhor campeonato do Jesus no Benfica, a melhor prestação europeia do Jesus no Benfica e a primeira presença na final da Taça de Portugal. Perdeu a Taça da Liga. Irrelevante. Não vejo sentido em basear a decisão em renovar ou não renovar contrato com o Jesus na relação contexto/prestação/resultado precisamente quando o Jesus tem o seu melhor desempenho.

2.ª – Porque estão frustrados.
Tão simples como isto. Não faz sentido nenhum. Basear uma decisão destas num estado de alma foi o que levou o Benfica ao deserto durante vinte anos. Nesses vinte anos houve decisões baseadas sobre estados de alma que estavam certas e outras que estavam erradas, mas o que matou a grandeza do Benfica não foram as decisões em si, foi a lógica. É um princípio tão errado, mas tão errado, que quase que vale a pena tomar a decisão que vai contra o estado de alma só para estabelecer o princípio de que o estado de alma, como factor de decisão, deve ser contrariado. Não chego a tanto, mas mandar o Jesus embora só porque estamos zangados com ele é demasiado estúpido para ser verdade. Parece que, por aí, e pelo que se lê, já ganhámos qualquer coisa em ter um presidente que sabe esperar e parar para não decidir em cima de emoções. Parece…

3.ª – Porque já perceberam que o Jesus não tem estofo nem qualidade para ser o treinador de que o Benfica precisa.
Esta é a única razão que pode fazer sentido, mas não é inequívoca. Eu apontei esta razão antes do final da época passada, quando se falava da possibilidade de ele sair. Houve quem concordasse e quem discordasse. Apontei as minhas razões e vou falar delas outra vez no terceiro e último post que dedicarei a este tema.

No entanto, adianto duas ideias:

– em primeiro lugar, que não há nenhuma boa razão para que quem defendia que o Jesus devia continuar, no fim da época passada, defenda agora que ele deve sair. Esta época foi uma réplica da última, mas para melhor em todos os sentidos excepto no tipo e qualidade de jogo, que são iguais;

- em segundo lugar, que na altura eu defendi o seguinte: esta é a altura de ou trocar de treinador, por uma boa razão (para acrescentar à equipa soluções que ele, claramente, já não conseguia, nem vai conseguir, agora, dar); ou de assumir o treinador, com todas as suas qualidades e os seus defeitos, como inerente ao projecto e, nesse caso, não apenas não o despedir como, logo nessa altura, somar-lhe mais quatro ou cinco anos ao contrato.

Acrescento, já agora, que, se o Vieira tivesse feito isso no ano passado, e renovado o contrato até 2016 ou 17, não digo que este ano a questão da continuidade do Jesus não tivesse existido (porque existe sempre num clube como o Benfica, em que os resultados podem mudar tudo em dois minutos), mas os resultados poderiam ter sido diferentes, uma vez que a distracção permanente sobre «o futuro de Jesus» e a pressão acrescida quase que desapareceriam.

(Próximo post: Jesus (2) – A Falsa Escolha de Vieira)