sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Jesus e Peter

Pegando no Jesus onde o deixei ontem, estabilidade não é qualidade. Estabilidade só é qualidade quando já existe qualidade para estabilizar. E o Benfica ainda não tem qualidade suficiente para poder dizer: «Vamos estabilizar aqui.»

O Benfica precisa de crescer mais, de ficar muito melhor antes de se poder dar ao luxo de dizer que está satisfeito e que precisa de estabilizar.



O Jesus oferece ao Benfica (e continuaria a oferecer caso continuasse para o ano que vem) uma hipótese real de lutar por títulos. É isso, aliás, que faz dele o melhor treinador que passou pelo clube desde Eriksson. É um competidor e, mesmo com uma equipa inferior, não entrega os pontos. Com Jesus, o Benfica continuará a andar na luta e, com mais ou menos este ou aquele jogador, com mais ou menos zaragata, arrisca-se a ganhar um campeonato, ou uma Taça, ou a ir a uma eliminatória avançada da Champions.



Mas há uma condição fundamental que é preciso perceber nos momentos de decidir: no futebol e na vida não há neutralidade. Não existe a «estabilidade». Quando um sistema está «estável», na verdade, está a decair, porque outros sistemas que o rodeiam estão a progredir. No futebol ou se está a melhorar ou se está a piorar, mesmo que não se queira sair do mesmo sítio.



Dito isto, chegamos ao fulcro da questão: o que o Jesus tem para dar ao Benfica é suficiente que justifique perder a oportunidade de apostar num treinador novo, que traga alguma coisa que o Benfica não tem tido?



Quando me refiro ao que o Benfica não tem tido refiro-me, pessoalmente, à filosofia colectiva, que ainda deixa muito a desejar, e ao rendimento dos jogadores, que não é satisfatório. A jogar como joga, (pensando, geralmente, primeiro na solução individual e depois na solução conjunta), e a aproveitar o que aproveita do potencial dos jogadores que consegue contratar (penso que falei aqui em 80 por cento, mas se calhar estou a ser ligeiramente benevolente…), o Benfica não tem condições de lutar pela subida à elite europeia.

Não é um treinador novo que muda isto sozinho, mas ajuda a mudar. As organizações são as pessoas. O segredo das boas organizações é conseguir aproveitar e guardar (de forma cumulativa, cultural) o que há de melhor nas pessoas que por elas passam. Se o Benfica tivesse tido essa capacidade, de aprender, considerando a quantidade incrível de sabedoria e qualidade que por lá passou nos últimos vinte anos, hoje estaria entre essa elite. Pensem só: Eriksson, Artur Jorge, Manuel José, Mourinho, e tantos treinadores e jogadores de grande nível, perdidos no vácuo de liderança.



O Princípio de Peter



O princípio de Peter diz-nos que todas as pessoas progridem profissionalmente, por mérito, e naturalmente, até chegarem a um patamar em que a exigência supera a sua competência. Isso só é revelado quando essa pessoa é colocada perante um desafio para a qual não está preparada. É um processo natural, em que não há erro da parte de ninguém, nem de quem progride nem de quem lhe permite progredir, apenas selecção natural. Eu estou convencido de que o Jorge anda desde Maio de 2010 a bailar sobre o seu limite de Peter e ainda não vi nada, este ano, que me faça pensar o contrário.

E digo mais: a culpa não é dele, nem é de ninguém.



Na época passada o barco de um Benfica campeão revelou-se demasiado pesado para as mãos dele, e, à melhoria que está a haver este ano, atribuo-a a uma série de mudanças internas e externas que elenquei logo nos dois primeiros posts deste blog e entre as quais não coloco o Jesus entre os mais relevantes. O Jesus de hoje é o mesmo de há um e de há dois anos, também já o disse. Mudou o que o rodeia. Com isso, acrescente-se, o Jesus está a caminho de ser campeão, e isso atesta a sua qualidade. (É só para não pensarem que tenho alguma coisa contra o homem, porque não tenho. Simpatizo com o Jesus – desde que esteja na minha equipa, claro...)



Não acredito que o Jesus tenha alguma coisa para acrescentar ao que já trouxe ao Benfica. Nem me parece que tenha grande capacidade (nem tempo, nem oportunidade) para aprender o suficiente que o torne assim tão melhor do que o que é. O que ele sabe, já usou e está a usar. Teve batalhas suficientes para isso, em número e intensidade, e a que se avizinha, a maior de todas, será, certamente, definitiva. Vai exigir ao Jesus tudo o que ele tem.

(Acrescento que a forma como se está a revelar o estado de espírito de alguns jogadores suplentes, num momento em que estão tão perto de conseguir uma época brilhante em termos colectivos, não abona muito a favor do que o Jesus tem…)

Um cenário que envolva a continuidade do Jesus será sempre na perspectiva que referi ontem, de tentar melhorar só através do clube, tentando manter constante a parte técnica. É racional, reafirmo-o. Em termos de gestão, é do que os economistas gostam – uma opção conservadora, ponderada, desapaixonada, sem excessos. Até acho que é a opção que a maioria dos adeptos do Benfica prefere, porque a maioria tem bem fresca a memória dos muitos anos de confusão que antecederam a chegada do Jesus à Luz, sem resultados decentes. Manter um treinador que vai ganhando é uma tentação muito forte – e não digo que seja a opção errada, insisto.

Mas não seria a minha solução.



É uma questão de consumo. O famoso desgaste, se quiserem.

Nós queremos que o futebol seja paixão, mais do que fidelidade. Somos fiéis aos clubes e isso já nos chega. O que queremos do clube é que nos alimente a paixão, é que nos dê muitas amantes, transcendência. Podemos aguentar uns meses de abstinência, se sentirmos que são preliminares, se nos parecer que a promessa de grandes prazeres no final é suficientemente promissora. Mas se virmos que o que ali está é uma equipa frígida, que não desenvolve nem tem hipóteses de desenvolver, não estamos dispostos a esperar nem mais uma semana: queremos outra.

O Jesus anda há seis meses a prometer um final em grande. Sobreviveu (miraculosamente, diga-se) aos desastres da última época, graças ao orgasmo brutal da primeira época. Isso quer dizer que os benfiquistas estão mais preparados para sofrer na expectativa – o que é bom, porque quanto melhor e maior for a expectativa maior é a recompensa. Mas não exageremos.

Nem os adeptos do Porto, que tiveram nos últimos vinte anos os melhores momentos das suas vidas, e prazeres com os quais não podiam suspeitar, têm uma capacidade de suportar mais que algumas semanas quando percebem que a boneca é de borracha.

Não é só em Portugal que isto funciona assim. Quando a novidade acaba toda a gente quer mudar. Até os jogadores. Sobretudo os jogadores. Para nós, que vemos o futebol de fora e de forma mais prolongada no tempo, o convívio cansa. Para um futebolista, que tem uma esperança média de alta competição de dez anos, para quem o ritmo é rapidíssimo, voraz, que tem de viver tudo depressa e em máxima intensidade, um treinador como o Jesus torna-se insuportável, sobretudo a partir do momento em que já só tem coisas para repetir, quando já não ensina o suficiente.

No contexto europeu, como o nosso, em que o papel do treinador é extrapolado – ao contrário do americano, por exemplo, em que os jogadores têm muito mais responsabilidade, muito mais crédito e um ónus muito maior nos resultados da equipa – é isso que faz com que seja raro um treinador ficar muito tempo à frente de uma equipa. É contra-natura.

O Jesus está quase consumido, e é assim que tem de ser. Nem ele espera que seja de outra maneira. A sua própria maneira de trabalhar é de desgaste rápido. Está-lhe entranhado. Isto é a selva, não é a pradaria. Como ele diz, «o futebol é o agora».

Se o Benfica e os benfiquistas caírem na ilusão de que o Jesus é homem para lhes dar aquilo de que precisam durante mais dois ou três anos vão cair num duplo equívoco e ter um duplo problema: não só não vão ter as vitórias que esperam, porque não vai haver dinâmica de vitória, como, a meio do caminho, se vêem nas mãos com o problema de terem um treinador que já não serve, de terem deixado passar o tempo certo para mudar e de não só ter deixado passar de prazo a dinâmica que havia, apodrecendo o que havia sido ganho, como ter comprometido decisivamente a dinâmica do ciclo seguinte, ao não tratar o treinador seguinte como uma primeira escolha mas como um bocado de estuque para tapar um buraco.



Mais do que ser uma questão de saber acabar é de saber evoluir. Passar de um bom para um melhor. Nos jogadores, nos treinadores, nos dirigentes.

Para isso é que uma estrutura realmente serve. Serve para aprender o que um Jesus tem para ensinar, consumir o Jesus (não tenham pena, o Jesus é bem pago para ser consumido), e experimentar um Jesus melhor – arriscando, atente-se, mesmo que haja a hipótese de falhar. Não se pode ceder à tentação de tentar preservar o que se ganhou. É o contrário. Os momentos de mudança são os momentos de maior crescimento, e quando se ganha ainda melhor – a confiança esta em alta, a energia também, há o sentido de objectivo alcançado e uma vontade implícita de começar qualquer coisa de novo.

Uma estrutura deve estar preparada para ganhar mas também para falhar, para ser um air-bag do falhanço, para absorver o erro e o ensinamento e para voltar a arriscar. Um Eriksson, um Mourinho, não surgem de apostas conservadoras, surgem de apostas pensadas mas arriscadas. Ser líder implica inovar, e inovar implica tentar seguir não pelo caminho mais provável mas pelo caminho mais promissor, ter golpe de asa. O Benfica não deve procurar um contra-ponto ao Jesus – alguém calminho, bonzinho, muito altruísta, um Peseiro qualquer que por aí ande e que nos deixe descansar –, deve procurar alguém melhor que o Jesus. Mesmo que isso signifique que seja pior do que o Jesus, em termos de temperamento.

Haveremos de chegar ao ponto, lá para Maio, em que estaremos a falar do célebre perfil. E nessa altura avançaremos mais sobre isto.



Não é importante, nesta análise, se o Benfica ganha ou não este ano – até estou convencido de que ganha, como já afirmei muitas vezes. É importante é saber interpretar o momento. Aliás, gerir de forma inteligente a «situação Jesus», tendo em conta o factor motivacional extra que daí resultaria, até poderia ser um bom trunfo lá para Março/Abril…

11 comentários:

  1. Esta série de posts sobre JJ é notável. Provavelmente já escrevi aqui sobre isso, ou talvez tenha sido noutro lugar da Web, mas fui dos que vi com alguma suspeição a contratação inicial de JJ pelo Benfica. Por um conjunto de limitações que me pareciam óbvias em JJ e o Benfica ser algo de completamente diferente daquilo a que até então ele estava habituado. O primeiro ano foi uma enorme surpresa pela positiva, o segundo ainda surpresa, embora de menor dimensão, pela negativa. Este ano, algumas coisas mudaram, e não estou tão seguro de que JJ não tenha responsabilidades nisso e isso seja devido a outros factores internos.

    A verdade é que a equipa regista alguma evolução, embora não demasiada e tem outros problemas que persistem. Não estou convencido que JJ seja o "mestre da táctica" (aliás de acordo com a opinião manifestada num dos posts da série), porque este Benfica não tem sido um prodígio da táctica. Não estou, no entanto, convencido que JJ esteja espremido até ao tutano, embora tenha enormes dúvidas. Os episódios recentes com Rúben e Enzo (embora este seja de natureza um pouco diferente, o comportamento de Enzo coloca-o na categoria pouco invejável dos idiotas e o Benfica não deve ceder nem um milímetro, recuperando salários por via de multas e pondo-o a jogar à macaca no Seixal nos próximos 5 anos), ilustram uma falta de capacidade de gestão de recursos humanos que é enormemente difícil de ultrapassar e isso é um óbice enorme, no longo prazo, para um treinador do Benfica.
    Apesar disso, reservo uma opinião definitiva para ver como a equipa se comporta, enquanto tal, nos desafios destes primeiros tempos de 2012. Isso dar-me-á uma ideia mais precisa sobre a capacidade de crescimento que ainda pode, ou não ser possível, com JJ como treinador.

    Com votos gerais de Feliz 2012, dentro do cenário pessimista que o país defronta com estes esbirros da troika, espero que o Benfica nos dê a alegria que queremos e seja campeão.

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  2. Às 17 e 30 de 31 de Dezembro de 2011, a visualização 10.000.
    No dia 31 de Dezembro de 2010 nem sequer pensava em começar um blogue sobre futebol.
    Nunca sabemos o que está dentro de um ano novo, mas sei que o princípio de um ano é sempre o melhor momento para acreditar.
    Portanto, façam o favor de acreditar.

    O meu primeiro post de 2012 será com o texto que vou enviar para o Benfica sobre os jogos em casa no Norte.
    Não, não me esqueci, nem sequer mudei de ideias, pelo contrário. Só estava à espera da oportunidade certa.

    Vai ser a minha boa acção pelo pessoal encarnado lá de cima, depois de já ter feito a minha boa acção por mim próprio cá em baixo: pus a troika a jogar contra o Oliveirinha e mandei tirar a Sport TV. Vou passar a roubar despudoradamente a Olivedesportos pela Internet.

    Bom ano.

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  3. E vão 10,010 visitas. Não foi um ano mau. Obrigado pelo blog refrescante.

    Bom ano!

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  4. um bom ano 2012,com paz , saude & benfica campeão , para o ilustre bloguista e para todos os seus seguidores..

    benfiquista de leça da palmeira

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  5. João Gonçalves31/12/2011, 19:23:00

    Parabéns pelas mais de 10,000 visualizações! É notável.
    Há cerca de um ano que fiz o mesmo em relação à Sporttv. Custo a habituar ver jogos na net (ainda hoje custa) mas poupam-se cerca de 300 "aérios" por ano e não enchemos a barriga ao Oliveirinha.
    Bom ano de 2012 para todos e, como diria o Jesus, vamos acraditar que samos muita bons e o campeonato será nosso.
    Cumprimentos

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  6. O texto está sublime.Parabéns ao Hugo pela viragem dos 10 000 visitantes.Um bom ano a toda a gente.

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  7. Muitos parabéns Hugo por este blog de eleição! estou ansioso pela tua nova crónica sobre os jogos do Glorioso no norte do nosso pais ( situação que desde há dois anos para ca me tem vindo a causar cada vez mais comichão...)

    Benfiquista de Paco de arcos, Oeiras.

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  8. Aproveita o classico que se aproxima para fazeres avaliacao de 1a 100 aos onzes tipo do porto e scp ;)

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  9. Tenho que começar por dizer que não fui adepto da vinda de Jesus em 2009. Porque era sportinguista e porque a um treinador do Benfica exige-se um certo nível e arcaboiço para lidar com o cargo (dos mais stressantes de Portugal).

    No final do Benfica 1-1 Marítimo da 1ª jornada de 09/10 estava "convertido" (se calhar até antes). O homem percebe muito de futebol, e apesar de ser um treinador de ataque, acho que as suas mais valias estão mesmo na táctica defensiva (que resulta muito mais do dedo do treinador que a ofensiva, mais susceptível à individualidade e criatividade dos atletas).

    Posto isto, sou um admirador confesso de JJ, ao ponto de, muitos anos depois, voltar a acertar consecutivamente nas substituições do nosso técnico. Não que eu seja um expert ou um visionário, mas há pequenas coisas, pequenos detalhes que fazem toda a diferença, para mim. Ganhar um jogo no banco é coisa nova - e até esquecida - para os lados da Luz, e a falta de JJ no banco nota-se.

    Ainda assim percebo o teu ponto de vista. Com JJ, nos próximos 10 anos arriscamo-nos a vencer 8 campeonatos, mas é "apenas" isso que queremos ? Ou procuramos o tal Benfica europeu ? Acho que a teimosia de JJ limitará o seu crescimento (e o do clube obviamente), e embora paradoxal, parece-me que esse crescimento "só" surgirá com vitórias. Aquela coragem e princípios latos de JJ podem continuar a trazer vitórias mas falta-lhe argúcia (para não dizer menos teimosia) para vencer de formas diferentes. Ele "só" sabe ganhar esmagando (o tal Ferrari prego a fundo), coisa muito mais difícil de acontecer na Europa, mas JJ adora ser David, e adora tombar Golias (embora no seu âmago não existam Golias para ele).

    É o homem certo no lugar certo (até ver) não só pelas suas valias mas também porque não vejo alguém competente e "esfomeado" o suficiente para revolucionar o nosso futebol e colocá-lo a competir olhos nos olhos com os melhores. Depende de JJ continuar como nosso treinador na próxima época, os 6 meses que faltam farão esse juízo.

    Olhando para a bigger picture, poderão continuar a cimentar-se os quesitos (embraiagem, afinação, travões e gasolina ou gasóleo dados os tempos que correm) necessários para que o próximo técnico apenas tenha que se debruçar na vertente técnico-táctica (carta de piloto de F1 com o desejo e talento de Senna).

    Concluindo, sou pró-JJ mas percebo que ele poderá não evoluir mais, ou tanto como precisamos, contudo, acho que temos piloto para vencer muitas corridas.

    Abraço, GB.

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  10. Repara que eu também sou pró-JJ, digamos assim. Aliás, não me surpreendeu o impacto que o Jesus teve no primeiro ano do Benfica – a dimensão do impacto, confesso que sim, mas a melhoria da equipa não. Quando ele disse que ia pôr os jogadores a jogar o dobro eu não tive a mínima dúvida. O Jesus é treinador de futebol, não é treinador de revista. Não só exige bastante aos jogadores como, em termos de campo, é muito perspicaz, tem um instinto para o jogo muito forte. É um competidor, numa palavra.
    Mas também não me surpreendeu a queda na segunda época, nem o regresso nesta terceira. Novamente, só não esperei que fosse tão profundo, sobretudo na segunda, pensei que a coisa fosse degenerar aos poucos, e não que o Benfica tivesse o campeonato perdido à quarta jornada (aliás, devo dizer que aquele mês de competição foi um grande teste à solidez do Benfica de Luís Filipe Vieira, e que toda a gente, do treinador ao presidente, passaram com distinção). O Jesus é bom, mas já se tornou previsível.
    O que eu acho é que sem inovação se perde dinâmica. Na melhoria estrutural que o Benfica vai ter de fazer para se tornar melhor vai ser necessário, ou no fim desta época ou no final da próxima, outra liderança técnica – uma nova abordagem ao jogo, alguém que ponha os jogadores a treinar diferente, a jogar diferente, eventualmente melhor, alguém que ponha os adeptos a pensar noutras coisas, de preferência mais à frente.

    Mas é isso que também é interessante. Os clubes, mesmo os maiores, não são só vitórias, uma grande parte deles é cultura.
    Isto pode parecer conversa de «intelectual de esquerda» mas é verdade.
    Por exemplo, o Sócrates, que morreu há poucos dias, não ganhou muito. Aliás, até ganhou muito menos que outros bem piores do que ele. Mas, pela personagem que era, pelo que simbolizou, foi o maior ídolo-jogador na história do Corinthians.
    Outro exemplo de algibeira. Há um homem que o Benfica tem de recuperar rapidamente para a sua «cultura»: Michel Preud’homme. Um homem que nunca ganhou um título no Benfica. Mas uma figura espantosa, um monstro,na qualidade, no trabalho, no espírito, na liderança, que enriquece a história do clube e que, a longo prazo, ajudaria o clube a ser maior, qunto mais não fosse por fazer as pazes com a história terrível que foram quase todos os anos 90.

    Vai aparecendo, «the more the merrier»

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  11. Essa questão do Preud'Homme entronca bem numa recente "discussão" benfiquista: o número de portugueses no 11. Depois das figurinhas de Amorim, cada vez mais me convenço que a nossa pátria tem que ser o Benfica, independentemente das coordenadas que ditarem o nosso local de nascimento. E Preud'Homme, como tantos "estrangeiros" no nosso passado, incorporam perfeitamente o que se pede a um BENFIQUISTA dis sete costados. Eu não trocava a fibra de Maxi por ninguém, para mim ele é tão uruguaio como benfiquista. É à direcção, aos componentes do clube (desde o técnico ao roupeiro) que compete transmitir fidedignamente a nossa essência, não só para informar-Benfica, mas sobretudo para formar-Benfica.

    Quanto ao nosso 'Rod Stewart da Musgueira' terá obrigatoriamente um fim o seu ciclo entre nós (que eu sinceramente espero que esteja distante), o que me deixa apreensivo (q.b.) é o nome do seu sucessor e a herança (pesada, de uma forma positiva, espero eu) que herdará. Esse sucessor tem que, na minha óptica, passar um teste decisivo: seria ele capaz de bater JJ num confronto directo e com armas semelhantes ? Se sim, conseguiria fazê-lo não só numa prova de regularidade mas também numa eliminatória a duas mãos ?

    Outra questão pertinente que me vou colocando é se este JJ terá capacidade para atingir o topo europeu com o Benfica ? A resposta fácil e óbvia é não, mas algo no meu instinto (in my gut) me diz que ele pode contrariar essa teoria. Uma coisa é certa, ele acredita mesmo que conseguirá, e isso é meio caminho andado para o conseguir.

    Abraço, GB.

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