quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Menino Jesus, a Criatura e outra coisa qualquer

Há uma série de coisas sobre as quais ando com vontade de escrever – o Jorge Jesus (e o Paulo Bento…), o calendário do que falta da época, uma comparação realista entre as equipas de Benfica e Porto (para fazer uma do Sporting teria de ver os jogos do Braga…eh, eh), e outras que por aqui andam, mas sinceramente isso merece-me mais tempo do que o que tenho tido, como se deve poder ver, aliás, pela assiduidade dos posts.



Para já há três coisas que quero dizer sobre aquilo que vou vendo de relance no jornais.



1 – Eu defino a qualidade de um treinador por aquilo que dizem e fazem os jogadores que não jogam. Não há treinadores perfeitos, mas há treinadores tão bons naquilo que fazem que nem os jogadores que não jogam têm coragem para dizer mal deles, e que são tão bons que, quando os suplentes são chamados, jogam tão bem ou melhor que os titulares. Não é preciso dar exemplos, e tenho a certeza que há um nome que, neste momento, já está na vossa cabeça, portanto escuso-me de o dizer.

Quando vejo o Enzo Pérez, como se fosse a coisa mais normal do mundo, a reunir-se com dirigentes de outro clube e a dizer que não quer regressar a Portugal, e o Rodrigo Mora a mesma coisa, e o Miguel Vítor a querer sair, e o Amorim, e o Capdevilla (que não diz nada mas também não precisa porque o agente fala por ele), e até o agente do Nolito a refilar, concluo que o Jesus é o típico treinador de titulares, no pior que isso tem.

Nunca gostei de treinadores de titulares – se calhar porque quando joguei basquete não era titular e sentia que para o treinador havia filhos e enteados (não era porque eu fosse melhor que os titulares, mas era porque, quando só se dá atenção a uma parte do plantel e se despreza os outros, não há espírito de equipa, há espírito de alguma equipa.



2 – O problema do Hulk não são os 100 milhões. Quem fala em 100 milhões, desculpem lá se alguém se ofende, é atrasado mental. Até hoje não houve um único jogador, no Porto, a sair pela cláusula de rescisão – nem o Falcão, que precisou dos milhões da treta do Dois Dedos  Micael para bater os 45 –, e agora ia ser o primeiro logo por 100 milhões? Ridículo.

O problema do Hulk também não é o sair a meio da época, porque o Hulk não vai sair a meio da época – seria mostrar a bandeira branca ao Benfica, na prática, porque se alguma vantagem o Porto tem, neste momento, é o Hulk. Se o Porto o vender vai vendê-lo agora para o libertar no final da época, mesmo que perca algum dinheiro com isso, como o Benfica perderá com o Gaitán se fizer o negócio de que se fala com o Manchester United. De qualquer forma, não acredito que o Porto venda o Hulk antes de Junho.

O problema da Criatura é que já custou 22 milhões de euros e o Porto só tem 85 por cento dela.

Coloquemos uma transferência do Hulk em valores realistas: 50 milhões de euros. Que se lixe, uma vez que há sheiks ao barulho, como o próprio Hulk já confirmou, vamos colocá-lo em valores irrealistas: 60 milhões.

Vamos tirar 5 por cento (que podem ser mais) de comissões. São 3 milhões. Sobram 57.

85 por cento de 57 milhões são 48 milhões. Sobram 26 milhões.

26 milhões foi o que o Porto gastou nos dois laterais que fez questão de roubar ao Benfica no Verão.

26 milhões de lucro com o Hulk, por Incrível que pareça, é pouco. É o que o Benfica está para ganhar com o Gaitán, que ao pé do Hulk, na Europa, é júnior.

Agora,  por puro divertimento, vão baixando o valor da transferência e cheguem a um número pelo qual achem que vale a pena vender o Hulk.

Não se compra um jogador por 22 milhões de euros para ganhar dinheiro mas para ganhar títulos. Ora, quando se vende um jogador que se compra para ganhar títulos o que é que isso quer dizer, para o resto da equipa e para os adeptos?



3 – Só há uma boa razão para o Benfica gastar 300 mil euros a comprar um Djaniny à União de Leiria, e não é o Djaniny: é construir fidelidades.

Acho uma excelente política o Benfica servir de banco aos clubes portugueses, todos eles endividados. Aliás, se eu tivesse de escolher, por exemplo, entre gastar 2,5 milhões de euros com um Kardec qualquer e gastar esses 2,5 milhões a fingir que compro jogadores para, na prática, financiar encapotadamente os clubes que disputam os campeonatos nacionais em Portugal, não duvidem que escolho a segunda. É muito mais importante para o Benfica ter aliados a sério nos clubes portugueses, de Norte a Sul, e sobretudo no Norte, a comprar mais suplentes. A diferença de dimensão entre o Benfica e os clubes pequenos, em Portugal, é tão grande que o que o Benfica gasta em lixo, todos os anos, tirava os clubes todos da I Liga, abaixo do sexto lugar, do vermelho. E não é suposto aproveitar-se esse poder? Ai não que não aproveitava. Venham mais Djaninis para emprestar ao Covilhã e ao Atlético e ao Granada, e venham em força. Grande parte do poder que o Porto reuniu ao longo dos anos resultou desse jogo de fidelidades improváveis, e entre resultados e jogadores comprados e vendidos com lucro vejam quanto ganhou. Porque não há-se o Benfica fazer mais e melhor se é maior e melhor?

Quanto ao resto, um caboverdiano que veio das Distritais dos Açores e que se chama Djaniny não é um jogador da bola, é uma personagem de romance ou é outra coisa qualquer. Eu gosto. Dava uma grande história de Natal. Mas...

8 comentários:

  1. Vou ver se consigo meter a minha «bucha» sobre o Jesus (o treinador do Benfica...) amanhã, mas se já não conseguir quero desejar a todos uma Consoada mesmo muito feliz, e um dia de Natal com a família, falando de bola, sim, mas com um sorriso nos lábios e uma rabanada a caminho deles, que é o que é preciso.

    Acho que se criou aqui na Religião um «presépio» engraçado (agora lembrei-me do Scolari: «E o burro sou eu?!»), e por isso tenho de vos agradecer. Será que ainda chegamos aos 10 mil antes do Ano Novo? Parece uma operação da Brigada de Trânsito. «Entre 23 e 26 de Dezembro registaram-se 323 visalizações e 65 ferdos ligeiros...»

    No Natal lembro-me dos que me fazem falta e já não regressam. Já são demais.

    Um abraço a todos.

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  2. Desculpa lá ó Hugo mas hoje peço licença para discordar. Não estou com o espírito de Natal. :-)))
    Não concordo com a opinião que dás do JJ, e sei por experiência própria o que é ser suplente. Há um coisa que se chama "gestão de prioridades" e todo o gestor, seja do que for, tem obrigação de o saber. Também sei que há outra coisa que se chama "gestão de expectativas", mas penso que não é para isso que o JJ seja pago.

    O plantel do Benfica é grande demais, tem quase 30 jogadores. Não se esqueçam que o Mourinho gosta de trabalhar apenas com 22-23, e compreende-se agora porquê. E só podem jogar 11+3. A "gestão de prioridades" é muito importante especialmente quando existem tantos jogadores, dos principais, que têm de corrigir "defeitos" sejam eles técnicos ou de posicionamento táctico. Por isso é que os jogadores com JJ crescem e melhoram a olhos vistos de um ano para o outro. Se não fosse a atenção que o JJ lhes dá isso não seria possível. Ou seria possível mas um ritmo muito mais lento o que não seria bom para a equipa, ou não será assim? :-)))

    Eu acho que a "gestão das expectativas" pertence mais ao próprio jogador e a quem lhe está próximo, como por exemplo o empresário. Ora aqui está um papel que muitos empresários fazem bem. O Jorge Mendes é um bom exemplo. Os que não fazem, ou que gerem as expectativas com a "ajuda" dos jornais, são maus empresários. No fim de contas o treinador é um condutor de homens e não de putos, e os jogadores que trabalham com ele são todos adultos, mas com expectativas e ambições diferentes. Posso estar enganado mas esta é a minha opinião. Claro que também há o psicólogo e os outros treinadores que podem dar uma mãozinha. Enfim, não sei, mas o JJ está limitado aos resultados de curto prazo.

    É um facto que o JJ como condutor de homens não se pode comparar com o Mourinho mas não acho que seja mau, e ninguém é perfeito.

    Quanto às contas do Hulk são muito fáceis de fazer. O Porto para ganhar algum dinheiro com ele tem de o vender por mais de 26M€, mais "cumixões". Arredondemos para 30M€. Sinceramente não acredito que o vendam por mais de 40M€. Portanto um lucro de 9M€. Se, se...

    Com o Danilo (17,8), o Alex Sandro (10,5) e os 2 belgas gastaram 42M€. Uma bela quantia. E já não estou a falar dos outros miúdos que compraram. Como os vão pagar, sinceramente não sei, mas talvez o deixem para as calendas gregas. E agora com o IVA a subir... ainda pior.

    Penso que o Djaniny não foi comprado apenas por uma questão de poder ou influência, mas porque o treinador viu nele possibilidades de futuro. Acho que o LFV não pensa nesses moldes. Por vezes, estes jogadores revelam-se pérolas à espera que alguém lhes revele o segredos. Os benfiquistas estão bem familiarizados com o assunto. Houve uma vez uma pérola que veio lá dos confins do "cu de Judas", um tal de Eusébio que por acaso até sabia dar um ou dois pontapés na chincha. Pode ser que um dia destes tenhamos uma bela surpresa. Quem não se lembra do Coentrão? E do David Luiz (3ª div.?) ?

    Bom Natal para o Hugo e para demais benfiquistas.

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  3. Em relação ao JJ, tens toda a razão, a fazer épocas inteiras com 13/14 jogadores, não tanto nesta que rodou mais, no entanto como dizes há muita insatisfação no plantel.

    Em relação ao negócio Djaniny, politicamente tens toda a razão, mas em termos financeiros acresce o salário dos jogadores e estes ficam agarrados ao SLB por entre 3 a 4 anos, como os clubes a que são pouco ou nadam contribuem para o seu salário, isso eleva o custo da operação.

    Feliz natal a ti e a todos os utentes deste espaço "religioso".

    Ia desejar-te um feliz ano novo, mas o memorando da troika que tenho aqui à frente só se aplica as sms, por enquanto os e-mail e comentários em blogs são gratuitos e podemos usar e abusar. Ou seja ainda cá volto antes do novo ano.

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  4. *como os clubes a que são emprestados pouco ou nada contribuem para o seu salário

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  5. Discordo no 1º ponto e partilho da mesma opinião que o Manuel. Penso que JJ até roda bastante a equipa e tenta dar minutos a todos, o problema é que o plantel é grande e sendo assim há jogadores que jogam pouco e há outros que ainda jogam menos, como o Mora. Alguns dos jovens do plantel podiam muito bem ser emprestados, como o Luís Martins, Rúben Pinto e quiçá o David Simão.

    No ponto 2 e 3, estou plenamente de acordo. Só espero que pelo menos tentem aproveitar o Djaniny. Isto de ajudar os clubes mais pequenos em vez de torrar dinheiro na América do Sul é lucrativo, mas se os pudermos ajudar e ao mesmo tempo enriquecer o nosso plantel, o lucro quadriplica.

    Boas festas para todos!

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  6. Sobre o JJ, pois, apesar de estar a mudar a minha opinião, lentamente, tenho que concordar em grande parte. JJ tem de gerir melhor o plantel, mas tem também de gerir melhor as expectativas do plantel. Isso é importante para os jogadores que jogam menos vezes e é, seguramente, importante em termos do grupo enquanto grupo, que "morrerá em campo" pelo seu líder incontestado, se ele for capaz de gerir o grupo de modo a levar a isso. Creio que o exemplo óbvio disso foi o referido pelo Hugo, sem que tenha tido de dizer o nome.

    Concordo também com a perspectiva de ajuda aos pequenos. Seria parte da tal guerra em todas as frentes. A compra do Djaninni a acontecer, bem pode pagar os salários no Leiria. Eu, nisso, só vejo bem. Que se faça com outros!

    Bom Natal para os "religiosos", fiéis e sacerdote.

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  7. O plantel é demasiado grande e isso causa mau estar aos menos utilizados.Aqui concordo com o Manuel.Em relação ao resto estou com o Hugo e se na leva vier um possivel bom jogador,melhor.A politica de alianças tem que ser feita quer gostemos quer não.E esta até me parece ser uma maneira inteligente de as fazer.

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  8. João Gonçalves24/12/2011, 13:04:00

    Feliz Natal a todos os frequentadores deste excelente blog! Um cumprimento especial ao seu autor. Que o Pai Natal nos dê um bom ano de 2012.

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