segunda-feira, 9 de abril de 2012

Bombardeiem

Após dois dias de desintoxicação futebolística, abro os jornais na Internet e começo-me a rir.

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A BOLA faz uma capa com o Dia D – ou seja invocando o desembarque dos Aliados na Normandia. Só que mete o Jesus e o Sá Pinto com o capacete dos Aliados. Ora, pela lógica, uma das partes devia ter um capacete diferente, mais exactamente um capacete nazi. Ou é suposto serem os dois do mesmo exército? Claro que o problema nesta grande ideia seria pôr o Sá Pinto (o invadido, logicamente) com um capacete nazi.

Há coisas que funcionam tão bem antes de serem postas em práticas. Mas estes pormenores que teimam em dar cabo delas…

Além de só a imagem dos dois manuéis com um capacete empinado a troucho-mocho, só por si, já ser bizarra (para não dizer mais), esta capa define o jornal A Bola:

- Falta de originalidade gritante

Já deve ser para aí a quinquagésima quinta vez que se faz uma capa de um jogo de futebol aludindo ao Dia D;

- Falta de sentido de oportunidade estapafúrdio.

Ao que parece o fim-de-semana foi pródigo em suásticas verdes e em advertências vermelhas aos pais de família que fossem ao jogo;

- Falta de personalidade.

A política da Bola é a de estar bem com gregos e troianos, sempre, dar uma no cravo e outra na ferradura, ausência de posicionamento definido, ausência de carácter, numa palavra. A Bola é um jornal dirigido por maus políticos, que estão sempre comprometidos com tudo e todos e que não se comprometem com nada até ao fim. O único que ainda vai tendo alguma coragem de se definir de um lado, com acções, é o José Manuel Delgado. Esse não engana nem quer enganar ninguém. Os outros batem e escondem a mão.

Prefiro a postura da Marca, ou do Sport: são claramente tendenciosos mas não o escondem.

Talvez possamos acrescentar aqui alguma falta de inteligência…

*

O Sporting vai levar toda a gente para estágio. É uma espécie de terapia de grupo.

Já estou em dúvida sobre se o Sá Pinto é treinador de futebol ou um líder espiritual tibetano.

Desde que entrou que todas as semanas temos uma nova sessão de tratamento psicológico, de apaziguamento, de carinho, ele é o «os jogadores estiveram insuperáveis», ele é o «ele dava uma perna por mim», ele é a coisa mais linda e simbiótica de que há memória na longa história do futebol.

Confesso que não tenho paciência nenhum para estas carochices. Nem no Sporting nem em nenhum clube, e muito menos no Benfica.

Quando ouço falar-se da «psicologia» de uma equipa ou de um jogador de futebol como se fosse o sétimo segredo do Universo até se me arrepanham as varizes. De repente um jogador marca um golo, sente a inspiração divina a descer sobre si e vai tratar, sozinho, de dois ou três adversários ao mesmo tempo. E quando um treinador entra e começa a falar do «trabalho psicológico profundo» que é preciso fazer. Meu Deus, que drama.

É um chorrilho de paneleirices. É a escola dos Pedrotos que não se vai embora.

Estas tretas são a verdadeira fraqueza do futebol português. Um jogador é tratado como tudo – um artista, um campeão, um ídolo, uma flor de estufa, um caso clínico – menos aquilo que tem de ser: um profissional de corpo inteiro.

Sucumbe-se à mariquice tão prontamente que os próprios jogadores de culturas mais combativas e de responsabilização individual (os holandeses ou os suecos, por exemplo), ao fim de alguns meses, já se amaricaram. Pudera: é só paparoquices por todos os lados.

Enquanto o futebol português continuar a tratar os seus profissionais como ursos panda, que têm de viver em condições ambientais perfeitas para poderem desempenhar, não vai a lado nenhum. Até o Porto, que tem a mentalidade mais profissional, está tão embrenhado na nacional-saloice que, assim que apanha uma equipa inglesa ou alemã como deve de ser, parece uma equipa de juniores, de meninos a jogar à bola com adultos.

O caso do Sá Pinto tem sido gritante. Estas paneleirices todas sabem bem agora, basicamente porque quando ele entrou o Sporting já dava a temporada por perdida (logo, só podia subir) e teve a sorte de apanhar um Manchester City em fase de implosão. Além dessa eliminatória (salva no último minuto pelo Rui Patrício) o Sporting passou outra com o Kharkiv em que o Patrício foi outra vez o melhor em campo nos dois jogos, desceu para o quinto lugar no campeonato e não joga um caroço. Mas toda a gente anda satisfeita com o Sá porque o Sá tem conseguido reunir os jogadores em seu redor, com muito carinho e compreensão. É tudo tão lindo. É tudo tão à Sporting…

E hoje ganham ao Benfica e fazem a época, em perfeita comunhão de sentimentos, com a Juve Leo a chorar para o Sá.

E se esperarmos pelo início da época a sério para saber se o amor, por si só, chega?

Ou muito me engano ou o último campeonato que o Sá acaba à frente do Sporting é o que está agora a chegar ao fim…

*

Vejo, no Record, o Rui Patrício a passar de uma cotação de 5 para 17 milhões de euros e o Matías Fernandez a passar de 4,5 para 12 e não consigo mesmo parar de rir.

Em relação a isto, só uma coisa a dizer, a propósito do jogo de hoje, aos jogadores do Benfica: -- Não tem nada que saber: podem sofrer um golo, não se enervem, não se preocupem muito com o Matías Fernandez, porque esse só toca na bola quando o Elias não joga, preocupem-se com o Elias e com o Izmailov, os outros são todos cavalinhos de cortesia; entrem com o pé por cima e ao joelho, que daí para a frente os jogadores do Sporting cortam-se a todas, pois começam a fazer contas de cabeça à Liga Europa; aproveitem um canto e vão rematando de longe até o Rui Patrício ser, surpreendentemente, apanhado em falso. Se fizerem isso pelo menos dois golos marcam. E se insistirem até fazem mais.

5 comentários:

  1. Também vi esse artigo sobre a valorização do plantel do Sporting. Não cheguei a rir, esbocei apenas um sorriso de gozo. Matias vale 12 milhões? Nem o Fernando Rocha contava essa melhor.

    Se hoje o Benfica ganhar, somos campeões. Só espero que o JJ tenha dito isto aos jogadores.

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  2. PQP, Luisão parece burro, mergulho do gajo do Sporting, o Soares Dias, que na primeira jogada não marcou um penalti flagrante sobre Gaitán, marca penálti.

    O que me custa é Luisão ter sido anjinho. Ninguém diz aos jogadores do Benfica que estas merdas nos custam caro? PQP!

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  3. JJ no seu melhor, num jogo onde não estamos a jogar um crlh. O Sporting com os gajos todos a defender, o Benfica incapaz de criar um ataque digno desse nome. No Benfica (não) jogam os nomes.

    FDS, PQP, CRLH. Nem é por estarmos a perder é por não jogarmos um crlh e a equipa serem os nomes. Rodrigo o melhor exemplo - desde a rabecada do Burro Alves que não joga um crlh, porque é que está hoje na equipa?!

    FDS, PQP, CRLH.

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  4. Fim de ciclo. Não jogámos um crlh e ficamos à mercê de qualquer Soares Dias. Estou farto do JJ. PQP.

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