quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Começou a montanha

Historicamente (e digo isto de forma empírica, note-se, não estive a fazer um apanhado do comportamento do Porto nas últimas décadas), os momentos de vulnerabilidade do Porto são identificáveis, e quando esses sinais de vulnerabilidade aparecem são, de uma maneira geral, materializados em maus resultados.


Nas raras ocasiões em que o Porto entra em perda de dinâmica ao longo da época, não é campeão. Julgo que isso pode ser ligado ao método de trabalho.
No Porto há uma mecânica de eficiência elevada, que permite aproveitar melhor os jogadores, e de maneira mais estável, que torna a equipa menos propensa a grandes oscilações de forma e a mantém a um nível elevado relativamente aos seus dois adversários quando começa a montanha. As equipas do Porto estão mais perto da optimização que as de Benfica e Sporting, o que lhes permite (o que lhes tem permitido) manter um ritmo competitivo mais constante, que aproveita as quebras mais acentuadas dos outros. Nessas quebras cava-se uma pequena distância, inicialmente, a pressão aumenta nuns e baixa nos outros, entra-se num ciclo vicioso e, eventualmente, num ou dois resultados em Fevereiro/Março, o Porto distancia-se a é campeão, eventualmente acabando com 10/12 pontos de vantagem que não reflectem a potência da equipa, apenas o ritmo, à maratonista.

Esta tem sido a regra, e é isto que permite ao Porto acumular campeonatos. É uma equipa mecanizada para disputar o campeonato nacional, especificamente, e em condições excepcionais para tentar uma gracinha na Europa.


Ora, o problema das rotinas é que quando alguma coisa sai da regra, normalmente, faltam as soluções. Por isso é que temos a ideia de que quando vemos alguma coisa falhar, no Porto, isso é um sintoma claro de fragilidade.

Se alguém se lembrar de ver o Porto a perder o primeiro lugar no campeonato à passagem da primeira volta que diga aqui alguma coisa. Eu não me lembro. Lembro-me do Porto a passar para a frente, muitas vezes. Não me lembro do Porto a passar para trás.

Quando o Porto está bem, faz uma época em crescendo, Quando não está tão bem, não consegue crescer com a competição.



Não acredito que o Porto faça só vitórias até ao jogo com o Benfica, daqui a sete jornadas – apesar de também não ver um jogo em que, pela lógica, se veja o Porto a perder pontos.

Mas isto da lógica é uma batata, como já aqui escrevi bastas vezes.

Estou convicto de que se o Benfica passar estes próximos seis jogos com apenas um empate – não me admiraria se em Guimarães se em Coimbra – vai receber o Porto com pelo menos dois pontos de vantagem.



Para já com o Rio Ave, atenção. Tenho para mim que a única razão para o Rio Ave não ter enganado o Benfica na Luz foi o timing dos golos, nomeadamente do seu. Se o 0-0 se tem mantido até ao intervalo, pelo menos, e o Rio Ave marcasse o seu golo na segunda parte, não sei se o Benfica ganhava aquele jogo – já sei que «se a minha avó tivesse rodinhas era um carrinho de mão», mas vocês percebem o que eu quero dizer. É uma equipa que joga futebol. Se marcar na altura certa tem capacidade para aguentar.



A não-vitória de Benfica, Porto e Sporting nunca é uma questão lógica ou racional. A diferença de dimensões não permite senão pensar em oportunidade e excepção. O que a torna literalmente imprevisível. Mas…

O Porto abalou, não tenho dúvidas, o Moutinho não joga, o Rio Ave está no seu melhor momento da época, vai haver nervos na bancada (também porque o Benfica joga antes), e se não houver um golo na primeira parte…

Eu só digo isto: atenção. Desta vez, ao contrário de outras nesta temporada em que o Porto jogou em casa a seguir a um mau resultado, acredito que pode haver surpresa.



Quanto ao Benfica, não acredito nas possibilidades do Setúbal. Vejo o Gil a apertar um bocado o Benfica na Luz (normalmente quando não se ganha a uma equipa na primeira volta na segunda também não é fácil, é porque há ali qualquer coisa que não encaixa), vejo o Feirense a marcar e a fazer sofrer, mas o Setúbal é bom freguês.



Agora, o que eu posso, mesmo, ver, é o Braga a passar à frente do Sporting este fim-de-semana. Seria uma daquelas sequências bem «à Sporting» que todos conhecemos tão bem. Não que isso já conte muito para o campeonato, mas pronto…

2 comentários:

  1. Muitos dizem que o Benfica tem o melhor campeonato pela frente porque já não voltamos à Madeira e que porque já fomos aos 2 estádios do Norte mais complicados. Bem, esta é uma mentira das grandes.

    E é mentira porquê? Em primeiro lugar, porque nos estamos a esquecer daquele mito que de mito tem muito pouco: as equipas pequenas em geral esfolam-se sempre contra o Benfica. Basta ver as primeiras partes que tanto o Leiria como o Guimarães fizeram contra nós. E alguma vez vamos a Coimbra jogar contra uma equipa treinada por um tripeiro e ganhar por 3-0? Para não falar na ida a Alvalade, em que os lagartos vão fazer tudo para "ganhar o campeonato" com uma vitória, e a recepção ao Porto, que veremos qual dos candidatos tem mais raça, querer e ambição.

    Depois é como o Hugo diz, não há nenhum jogo em que eu veja o Porto pode perder pontos, excepto a ida à Luz. Para além da dita mecânica de eficiência, têm um jogador chamado Hulk que a qualquer momento vence sozinho um jogo da treta com um remate a 30 metros da baliza ou com uma arrancada que deixa 2 ou 3 defesas para trás. Sem o brasileiro, aquela equipa vira Moutinho, Hélton e mais 9. Tenho mais medo do Braga do que deste Porto sem Hulk.

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  2. Nao fosse pelo Apito Dourado, pelos 30 anos de reinado do PC e por tudo aquilo que todos vemos e ouvimos, e eu diria que o que se segue nao passa de uma teoria de conspiracao. Dito isto, vejamos:

    Presidente da FPF: ex-administrador do FCP;
    Presidente da Liga: advogado na firma de um administrador do FCP
    Olivedesportos: no comment
    Nova geracao de treinadores: AVB, Jorge Costa, Domingos, Pedro Emanuel, e agora Sergio Conceicao - cade os ex-jogadores do Benfica?

    Pagamentos em atraso 'a parte, alguem acredita no esmorecer do controlo portista dentro e fora do campo na proxima decada?

    Luis

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