quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O mistério de Onyolga

É sempre complicado avaliar jogadores. Temos, para isso, sempre, de juntar o que o jogador vale agora, ao que o jogador podia valer, ao que o jogador já valeu, e isso ainda antes à parte de acertar na análise, que é onde tudo se complica. Mesmo aquela avaliação que fiz à equipa do Benfica, se a fizesse hoje, já havia coisas que mudaria. Houve jogadores a crescer, outros a decair, em alguns até mudei ligeiramente de ideias. O Nolito não vale, internacionalmente, o mesmo que valia em Agosto, nem o Artur, nem o Rodrigo, provavelmente nem o Saviola, pela negativa.



É, portanto, muito difícil avaliar os dois onzes de Sporting e Porto dessa forma. Como tal, vou fazer AINDA MAIIIIS!!!!!



Não só vou fazer o disparate de avaliar os jogadores de 1 a 100, sendo 100 um Messi e 1 um Esquessi, como os vou colocar em confronto posicional, não de defesa-direito com defesa-direito mas de defesa-direito com avançado-esquerdo, centrais com ponta-de-lança, e assim sucessivamente. À excepção dos guarda-redes, claro. Mais ainda: cada zona vai ter um nome.



Zona «Abram alas para o Noddy»

É curioso que o ponto fraco do Patrício e do Helton seja o mesmo: os remates de meia-distância. O Patrício também é vulnerável nos cruzamentos. Alguns dos golos que o Sporting sofre de bola parada têm muito da Patrício, mas o patrício tem uma coisa importantíssima num guarda-redes em ascensão: boa imprensa. É bom rapaz, ajuda os pobrezinhos, é um guarda-redes acima da média, uma excelente pessoa, sem dúvida, mas qulaquer cenário que envolva o Patrício a defender a baliza de um grande clube europeu, para já (e se calhar para sempre), é pura ficção ou empresários a venderem o peixe do Milan para acabar por comprar o do Génova, como aconteceu com o Veloso.

O Helton, na minha opinião, já era melhor guarda-redes que o Patrício quando chegou a Portugal e no Porto tornou-se um jogador de nível internacional. Não me escandalizaria ver o Helton a defender a baliza do Brasil, e se jogasse num Real Madrid, provavelmente, defenderia mesmo. Tem uma presença, uma liderança e uma personalidade que o Patrício não tem. O Helton é um dos segredos mais bem guardados do Porto, em todos os grandes títulos houve mão e, sobretudo, cabeça dele, e é o melhor guarda-redes a jogar em Portugal, na minha opinião. O Artur é o segundo, mas ainda tem muita relva para comer para conseguir provar, a alto nível, o que o Helton já provou em cinco anos como titular do Porto.

(Porra, se eu falar tanto de cada posição como falei da de guarda-redes começa o jogo e eu ainda aqui estou… Se calhar é melhor dividir isto em dois dias.)

Em resumo:

Hélton - 86

Rui Patrício – 72.



Zona «Que Filme É Este?»

O Djalma, que só está no Porto por causa da relação qualidade-custo (a qualidade não é por aí além mas o custo foi zero, com o bónus de roubar uma receita ao Carlos Pereira, do Marítimo), tem feito pela vida, mas a sua mais-valia profissional, neste momento, é ser um fetiche do Grande Timoneiro, que não só não põe o Cebola, como não põe o James à esquerda, como não põe o Varela (aliás, é difícil saber onde é que o GT põe quem e quando. Se os treinadores adversários ficarem tão instáveis como os próprios jogadores do Porto é uma estratégia válida.)

O Djalma até pode marcar um golo ao Sporting, basta estar em campo, mas isso não invalida que seja um jogador sem a classe suficiente para jogar no Porto.

Já o João Pereira, vai-se aguentando. Continua o maluco do costume, anda mais calminho em relação a porradas (ou menos exposto, depende da perspectiva) , mas volto a dizer que não é com ele que o Sporting vai a algum lado. Um dia destes vinha uma notícia num jornal a dizer que o Milan estava interessado no João Pereira. Leitura correcta da notícia: porra, temos de vender este artista no máximo até ao Verão, depois do Europeu, a um Saragoça qualquer, senão andamos mais não se quantos anos a apanhar com ele e a dar baldas pela direita. Uma coisa é o jogador estar em forma, como ele está, ou ter garra, como ele tem; outra é ser um jogador de nível internacional.

João Pereira – 70.

Djalma – 60.



Zona «Quantos são?»

A minha tendência aqui era de dar 94 ao Hulk e 93 à soma do Onyewu e do Polga, só para poder dizer: «Os dois não fazem um». Mas não chego a tanto.

Há uma coisa que sei: se o Pereira escolher este jogo para desinventar o Hulk a ponta-de-lança merece tudo o que de mau lhe vai acontecer num futuro relativamente próximo. Um Hulk, mesmo a 70 por cento, a jogar pelo chão, vai escavacar os rins ao Onyolga e, eventualmente, ao próprio Sporting. Aqui está um jogo em que o Hulk pode ser o jogador decisivo pelo qual o Porto pagou 22 milhões de euros, e aqui está uma zona em que o jogo se vai decidir.

Já aqui disse que o Hulk é, para mim, o melhor jogador em Portugal, e reafirmo. Não vai parecer tão bom quando sair, durante os primeiros tempos, mas não tenho dúvidas de que o Hulk, daqui a dois anos, vai estar entre os dez melhores jogadores do mundo – não, não me arece que se possa dizer que já esteja. Uma coisa é o Hulk a jogar no Porto, num campeonato desegunda linha europeia, outra é o Hulk a jogar no Manchester City. Não vou dizer que há muitos Hulks, mas há alguns.

Teria grande curiosidade em ver o que valeria o Porto se o Hulke se magoasse durante dois meses, por exemplo. O seu ascendente na equipa é tal que não conseguimos, sequer, determinar com clareza a importância relativa dos outros – o que valeriam sem o abono de família.

Já Onyolgas, há às pazadas. Há, no entanto, uma coisa que o Onyolga tem a seu favor. Os intangíveis. Há coisas que funcionam. Não se pode dizer que sejam boas. Não se consegue explicar bem o que as faz funcionar. Mas funcionam. Quem é que já não teve aquela televisão, ou aquele rádio, de marca Roscof, que, com frio, com calor, com humidade, com botões estragados, trabalha sempre, e que só deixa de funcionar quando decidimos comprar uma nova?

Outra possível maneira de explicar isto: se um sportinguista tivesse de escolher cinco jogadores, no início do ano, para não jogar, Onyewu e Polga não estariam entre eles? E neste momento, entre os cinco titulares indiscutíveis do Sporting, não estariam lá também. Mas em conjunto, claro. O Onyolga. O Onyewu, sobretudo,é o caso típico de como um jogador de equipa se torna fulcral não pelo que  faz mas pelo que faz os outros fazer. Os americanos têm uma expressão para este tipo de jogadores: chemistry players. Jogadores de química. Quando o que falta a uma equipa é o componente «O», Onyewu é tudo. Quando não é, Onyewu é um corpo a mais.

Como tal, vou fazer ainda pior do que o que disse – ou melhor, depende da importância que derem ao elemento colectivo:

Hulk – 94

Onyolga - 86



Zona «Rennie»

Naquele quadrado daquele lado vai ser uma azia pegada, para mim, benfiquista.

De um lado o James. Bem sei que o roubo do James Rodríguez pelo Porto foi um roubo da treta. O Porto viu o James primeiro, andou uns tempos para o comprar e acabou por só avançar quando o Benfica foi metido ao barulho aos trambolhões, não foi um roubo, foi mais uma simulação de um roubo para dar de comer ao pagode, mas não interessa: faz-me lembrar o Falcão, o Álvaro Pereira e outros, e isso chega para me dar azia.

Do outro, o Insúa. Palavra de honra que sempre que vejo o Insúa a jogar à bola penso: «Andámos nós um ano a saber que o Coentrão ia sair, à procura de um defesa-esquerdo, de dois defesas-esquerdos, a fazer propostas, a prospectar, passou o Natal, a Páscoa, passou o Verão, e no fim disto tudo acabamos com um suplente do Lille e com um espanhol de 35 anos que nem contra os juniores joga.

O Freitas pega no telefone, mete-se num avião, vai a Liverpool, e dois dias depois traz de lá o melhor defesa-esquerdo do campeonato.»

Fico com uma séria dúvida: quanto é que custa o Freitas? Porque, seja lá quanto custe, fica barato, de certeza.

Nem o James nem o Insúa vão ficar por cá muito tempo, nem estão perto do que vão valer. São classe pura, à espera do seu momento.

Refira-se que o TOC (também conhecido por Vítor Pereira) tem sido uma espécie de castrador químico do James. O rapaz bem quer rebentar, mas assim que começa a ganhar balanço ou muda de sítio ou deixa de jogar.

Vejo, no entanto, aqui, alguma vantagem para o Insúa, por uma questão de maturidade – mas não muita.

Valor internacional:

Insúa – 80

James – 74.



Zona «O normal é amigo do vulgar»

«Nunca percas a oportunidade de comprar um médio versátil que faça a bola rolar se já tiveres na tua equipa dois médios versáteis que fazem a bola rolar e só um é que joga.» Atendendo a esta lei fundamental da boa gestão, o Porto gastou 5 (6?) milhões de euros num médio belga versátil que faz a bola rolar.

Não estou a criticar a contratação de um médio que faça a bola rolar – aliás, todo o tipo de jogo do Porto está assente na capacidade dos médios fazerem a bola rolar quando e para onde ela deve rolar. Mas teria de acompanhar os jogos do Porto com a atenção de um adepto ferrenho (a de um normal não chegaria) para me aperceber da mais-valia do Defour em relação ao Guarín ou ao Belluschi – a não ser que a quebra de forma dos dois seja de tal forma gritante que não deixem ao treinador outra alternativa. Do que eu vi nos jogos em que eles jogaram, não me parece. Acho que o Defour joga por uma questão de pormenor, e acho estranho que se gaste 5 milhões numa questão de pormenor.

Tecnicamente, confesso que não sei bem o que dizer dele. Que corre muito? Que não perde muito a bola? Se calhar é isso. Há uma coisa em que é muito bom: em dizer à imprensa do seu país que o Porto é melhor que o Benfica, para justificar o facto do Witsel ser titular de caretas no Benfica e ele só agora ter começado a calçar no Porto.
A melhor referência que já se ouviu do Defour foi que o Ferguson pensou em contratá-lo quando ele tinha 19 anos.

Já o Daniel Carriço, começo a tomá-lo como um sintoma, daqueles que não desaparecem, e que provam que há uma doença. O Sporting toma uma aspirina e está lá o Carriço, porque é preciso vender alguém no Verão. Toma um antibiótico e está lá o Carriço, porque não há «referências» de balneário e o Carriço é capitão desde pequenino. Toma uma injecção de penicilina e está lá o Carriço, porque não há dinheiro para comprar centrais – era preciso que alguém lhe pegasse para haver. Faz quimioterapia e está lá o Carriço, porque, sem o Rinaudo, e na falta de quem jogue de cabeça nos cantos, todos a ajuda é pouca – mesmo um central que raramente ganha uma bola de cabeça.

(Aliás se o Sporting se viu aflito com os cantos do Benfica o Choramingos deve estar com os nervos em franja, a imaginar as cavalgadas sucessivas dos Maicons.)

O Carriço esteve a jogar no Chipre e ou muito me engano ou é lá que vai acabar. Não é que o Carriço seja mau jogador, porque nem é. É porque nem tem características para ser um especialista nem para ser um generalista do nível, por exemplo, do Defour.

Defour: 73

Daniel Carriço: 63



Mais logo há mais.

P.S. - Estou a pensar fazer uma transmissão em directo do Sporting-Porto, assim encontre na Internet um sítio que me deixe ver o jogo sem ir abaixo. Sem stresses, a coisa promete.

3 comentários:

  1. Acabei de ler no Record que o Benfica recusou o Insúa.

    Vou só ali cortar os pulsos com uma chave Phillips e já venho...

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  2. Parece agora que o insua é melhor que o coentrao ou que o Marcelo... Sinceramente... Lá fez uns golos importantes, é verdade... Mas porra para mim nao faz meio coentrao! Menos técnica, menos cruzmento, menos rapidez e (honestamente) menos intensidade!

    Ass: Fehér 29
    Benfica SEMPRE!!!

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  3. O Insúa não é melhor que o Coentrão, nem que o Marcelo. É é bem melhor que o Emerson. Isso é que chateia.

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