domingo, 6 de novembro de 2011

A Proençada

1 - Não quero chegar ao ponto de dizer que o Pedro Proença estava à espera desta oportunidade desde que levou a cabeçada no Colombo – aliás, não posso dizer que, se fosse eu a levar uma cabeçada por causa do jogo, por mais benfiquista que fosse, não esperasse pela melhor oportunidade para me vingar, e tanto se me dá que um gajo não possa ser confundida com o clube. Vingava-me e vingava-me bem. Só não digo que o Proença fez de propósito pelo seguinte: tenho a certeza de que quem o obrigou a marcar penálti foi o fiscal-de-linha, esse sim, motivadíssimo para fazer justiça pelo chefe de equipa, como já se tinha visto em lances anteriores. Tanto um como o do outro lado, aliás.

Mas palavra de honra se, daqui até ao fim do campeonato, eu não gravava todos os jogos e todas as jogadas iguais a esta, e se não arruinava a carreira do Proença com a acumulação de erros em jogadas de penálti. Não ia ser um desabafo: ia ser um massacre. Ia durar dez anos, e toda a gente comia – ele, o Benquerença, o Xistra, a malta toda.
E palavra de honra se eu não ia passar o resto do campeonato a dizer ao Gaitán para centrar a bola junto ao corpo dos defesas. Com aquele pezinho esquerdo iam ser às dezenas. E depois, quando não marcassem nenhum – porque aquilo não se pode marcar, evidentemente – se não ia fazer uma campanha de tal forma vergonhosa que os árbitros até iam ter medo de olhar para uma grande-área.
Pela saúde dos meus filhos se eu não ia fazer deste erro de arbitragem o sim ou sopas do futebol português.

O mal de Portugal é as pessoas não se vingarem. Sem o medo da vingança não se chega à justiça. Vejam lá se, com o Porto, a vingança não deu resultado. São o único clube respeitado em Portugal. E podem mandar isto a toda a gente. «Este tipo é um incendiário!» Sou sim senhor. Eu sou dos que não só apagavam a luz e ligavam a rega como lhes punha a roupa toda fora do Estádio e fechava a porta da garagem com o autocarro lá dentro se não se pusessem na alheta em vinte minutos. Até acredito em guerras e tudo, vejam lá. «Ah, mas isso só resulta numa escalada de violência». Têm toda a razão, resulta sim senhor. Mas se forem as duas partes a bater, ao fim de um certo tempo as coisas acabam por ir ao lugar, e é sempre um lugar mais justo do que era antes da porrada. A porrada é muito saudável. É higiénica.

Como já sei o que aí vem, o outro mal disto, além de não haver vingança, é os comunicados.

Fica escrito isto aos 58 minutos de jogo e agora vou ver um bocado do Barcelona – às vezes sabe bem ver tipos a jogar futebol, e isso, em Braga, é impossível. Amanhã há mais.

O único gajo que fez o que devia hoje à noite foi o fiscal-de-linha, que se vingou à grande.

P.S. – Minto, foi escrito aos 58 mas postado aos 71, porque tive de dar comida aos miúdos, já com 1-1. E não retiro uma palavra ao que disse.

8 comentários:

  1. Rídiculo. Penalti com a bola a bater no cotovelo, com este junto ao corpo, sem intenção de jogar a bola. Foi mesmo uma Proençada e o gajo furou a estratégia do Benfica.

    Fica o 1-1, que soube a pouco.

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  2. Foi pena o Boi não lhe ter partido os dentes todos.

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  3. A ele e aos fiscais de linha.

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  4. Só para que não se pense que foi a azia a falar, dizer o seguinte:

    - Em relação ao árbitro, é muito raro uma equipa perder ou ganhar só por causa do árbitro, e não foi só por causa do Proença que o Benfica empatou.

    - em relação à «escalada de violência», do caos nasce a ordem. Quem não o quer entender não entende a história do Homem. Quando a ordem não presta, instale-se o caos, porque só quando todos perdem é que todos se dispõem a chegar a uma solução comum. O grande problema actual do futebol português (para reduzir as coisas a uma dimensão mais mundana) não é o Porto ter instalado a política de terra queimada: foi os outros todos não terem feito o mesmo. Com tudo queimado (e não apenas com a parte a sul do Douro) ninguém ganharia. E nessa atura iriam começar a aparecer as soluções justas.

    Até amanhã

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  5. Estou totalmente de acordo com o Hugo. A porrada pode ser saudável quando a causa que lhe está subjacente é justa. E esta é. É como a trovoada, limpa o ar.

    Foi o fiscal que deu a indicação, de outro modo o Proença não teria possibilidade de marcar o que quer que fosse pois estava fora do seu ângulo de visão. Mas não foi penalty. Penalty foi o puxão forte, que o derrubou, que o Luisão sofreu dentro da área. Naturalmente não foi marcado.

    PS. Há aí malta benfiquista que é bom no vídeo e que podia fazer uma compilação de casos em que lances iguais a este não são ajuizados como penalty. Porque não são. E convinha colocar os nomes dos fiscais e dos árbitros em letras grandes, com moradas, nrs. de telefone e emails.

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  6. Estou convicto de que, o sr. árbitro, está a necessitar de uma nova visita ao dentista.
    Será que esqueceu a data da nova consulta ?

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  7. O fiscal de linha vingou o chefe.Disso não tenho dúvidas.Os apagões também também são muito estranhos pois todos eles acontecem quando o Benfica começa a ter ascendente ofensivo(revi o jogo e certifiquei-me disso)e li num blog que o Artur diz que há sempre coisas estranhas quando visitamos a pedreira.E acrescento que é o 6ºpenalti que o dentuças nos marca.Há que começar a estrilhar e deixar de ser mansos.Quer a nível futebolístico quer a nível social e politico.Concordo com o Hugo.Há que nos vingarmos com requintes de malvadez.

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  8. que vigor intelectual! parabéns! adoro estas incitações à ombridade!
    Abraço

    - Pedro

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