segunda-feira, 9 de julho de 2012

O lado B

As equipas B são um espectáculo. São «o elo perdido» na evolução do futebol português. Agora sim, os três grandes portugueses vão fazer fortunas e serão imparáveis. Vão ser fornadas e fornadas, umas atrás das outras, de jovens talentos a alimentar as respectivas equipas principais.

E porque é que isto vai acontecer?

Fácil: porque ainda não deram um único pontapé na bola.

Ainda não chegaram à parte da realidade.



Só preciso de uma questão para argumentar a favor da futilidade a que as equipas B estão, na minha opinião, condenadas: alguma vez faltou aos três grandes clubes portugueses espaço para colocarem qualquer jogador que quisessem em qualquer equipa da I ou II Divisão nacionais?

Claro que não.

«Ah, mas agora os jogadores vão poder aprender o que é o Benfica, e a cultura do Benfica, como disse o Norton de Matos, e vão ter boas condições de treino, e bons médicos, e o Jesus vai poder vê-los a treinar, e vão ser todos uma grande família, e vão ter a mesma forma de jogar, e tal…»

Então façam isto: peguem num jovem jogador de 20 ou 21 anos que esteja habituado a jogar todos os domingos, na I divisão paraguaia, ou mexicana, ou sueca, ou até no Barcelona B, ponham-no a suplente do Benfica B na II Divisão portuguesa durante um mesinho, e vão ver onde ele vos manda enfiar a cultura do Benfica antes de se começar a fazer birra para se meter no avião de volta para casa.

Isto porque, incrivelmente (e contra todos os prognósticos que de poderia fazer ao ver os plantéis de vinte e tal jogadores das equipas B), nessas equipas B, e na II Divisão portuguesa, também só jogam onze de cada vez.

Um objectivo realista para as equipas B seria fornecer um jogador titular para a equipa principal de três em três anos, quer através da subida directa quer através da venda de jogadores que permitam, depois, juntar o dinheiro e comprar um. Se qualquer equipa B conseguisse criar um valor futebolístico de 12/15 milhões de euros num jogador de 3 em 3 anos seria um projecto de sucesso. Mas, nos clubes grandes portugueses, duvido que mesmo isso seja suficiente para que as equipas B possam sobreviver. E até serem rentáveis.

Vamos fazer um exercício de «boas intenções vs. vida real» para as equipas B.



Boa intenção nº 1: «As equipas B vão servir para os juniores fazerem a transição para seniores, para se adaptarem e terem tempo para que a sua qualidade como profissional seja semelhante à que tinham em júnior.»

Vida real:

a)      Qualquer jogador que queira ser um um bom jogador de uma equipa como a do Benfica, por exemplo, tem de ter qualidade suficiente para ser titular de uma equipa que não o Benfica aos 19/20 anos. Senão é, é porque não a tem, e provavelmente nunca a terá. Não estamos a falar aqui de jogadores medianos, mas de futebolistas de excelência. Se a equipa B do Benfica não conseguir formar melhor que um Rúben Amorim ou um César Peixoto de 3 em 3 anos não haverá ninguém a querer mantê-las. De 3 em 3 anos, o Benfica B tem de criar um Javi Garcia.

b)      Nenhum jogador faz transição absolutamente nenhuma se não jogar com regularidade. Até pode treinar 5 vezes por dia. Se não jogar, não evolui, e acaba a jogar no Penafiel. Se todos os anos subirem 4 ou 5 «juniores promissores» à equipa B, ao fim de quatro anos esta terá entre 12 e 17 ex-juniores que «precisam de jogar para crescer. Para 11 lugares. E já não estamos a falar dos jogadores contratados, que, pela amostra, deverão ser a maioria. Não é mesmo nada difícil imaginar uma realidade em que os dirigentes do Benfica passam metade do Verão a tentar encontrar um tapete para debaixo do qual possam varrer os excedentários da equipa B, além dos da equipa A, pois não? E, e a propósito disto…

c)       Quanto tempo é que vai demorar até a equipa B se tornar o aterro sanitário da equipa A? O sítio onde despejar os excedentários e os indisciplinados, tenham 20 ou 30 anos? Provavelmente menos de um mês, digo eu… Isso vai fazer maravilhas pela saúde anímica da equipa.

d)      Ainda está por provar que a selva não seja o melhor sítio para os mais aptos conseguirem crescer. É verdade que há excepções (Figo, Paulo Sousa …) de jogadores que pegam de estaca nos clubes de origem, mas a esmagadora dos grandes talentos do futebol português, desde Rui Costa, por exemplo, resultam de uma mistura de talento, querer e profissionalismo que apenas a exposição aos ambientes competitivos ferozes e a condições adversas nos pardieiros deste país conseguem criar. Praticamente todos os melhores jogadores portugueses tiveram de ver o seu talento colocado à prova e triunfar, por eles mesmos. O que eu quero dizer é que, na prática, ainda está por provar que as equipas B não venham aburguesar jogadores já de si habituados a terem muito mais, nas camadas jovens dos três grandes, do que os outros futebolistas.



Boa intenção nº 2: «As equipa B são o local ideal para os jogadores estrageiros fazerem a adaptação a um novo país e a perceberem a grandeza [do Benfica].»

Vida real: aqui, em boa parte é verdade, mas tudo o que se disse em relação às dificuldades em jogarem farão com que, provavelmente, a meio da época, esses tais jovens estrangeiros estejam ou a regressarem ao seu país para poderem jogar ou a serem emprestados ao Atlético ou ao Portimonense pela mesma razão.

Isto torna-se ainda mais problemático quando se tratar de jogadores que venham de ser titulares nas suas equipas de origem. Serão jogadores que estão entre os melhores do seu país e que, de repente, se vêem afastados de casa e provavelmente no banco.

Ainda assim, parece-me que, de todas as boas intenções que rodeiam as equipas B, esta seja a que tem mais hipóteses de vingar, pois junta à possibilidade de adaptação esse factor de desafio pessoal/resposta a que uma aventura no estrangeiro expõe um jovem jogador uruguaio, ou espanhol, por exemplo.

No entanto, a questão de fundo mantém-se: que qualidade real esperar de um jogador destes? Que tipo de jogador será este que sairá daqui? Se for um jogador com qualidade para ser titular indiscutível na equipa B, mesmo com 19 anos, podemos estar a falar de um Rodrigo. Se for apenas mais um entre onze, será o quê? Um Schaffer? Um Felipe Bastos?



Boa intenção nº3 (e ficamo-nos por estas): «Os jogadores da equipa B podem reforçar a equipa A quando houver problemas específicos de lesões ou castigos»

Vida real: A sério? Podem mesmo? Eis o número de vezes que isso vai acontecer durante esta época, por exemplo, no Benfica: zero.

Uma equipa como a do Benfica tem sempre 25/26 jogadores, apesar de todos os anos se ouvir a conversa de que «Jesus não quer mais que 21 jogadores no plantel». Desses 25/26 jogadores, 14 jogam muito, 5 jogam pouco e os outros não jogam nunca. O plantel é feito para que cada posição tenha duas alternativas, uma mais forte, a outra para safar. É, portanto, suposto que um miúdo da equipa B, a jogar na II Divisão, se equipa e vá jogar por um candidato ao título no domingo?

Alguém está a ver o Jesus-que-joga-com-o-Witsel-a-defesa-direito ou com-o-Jardel-a-defesa-esquerdo ou que-nunca-põe-o-Luis-Martins-a-jogar, de repente, a transformar-se no Pai Natal e a confiar um lugar no onze a um miúdo «que ainda não percebe bem a forma de jogar com a equipa porque não treina com a gente» à frente dos outros 9 jogadores que fazem parte do plantel, incluindo dos 6 ou 7 que nunca jogam?

Continuem a sonhar com o Footbal Manager…



As equipas B podem ter futuro em clubes da dimensão de um Marítimo, de um Braga, de um Guimarães. Porquê? Porque:

a)      São clubes com boas equipas na formação

b)      São clubes em que o nível de exigência é menor, logo, o fosso entre o que se espera de um jogador B e o que se espera de um jogador A é também muito menor, tornando mais viável a passagem dos B para os A.

c)       São clubes com pouco dinheiro para gastar em hipóteses malucas ou em caprichos. Jamais um Braga gastará 500 ou 600 mil euros numa jovem promessa para rodar na equipa B, como o Porto ou o Benfica. Com isso, as futuras perdas financeiras serão muito menores, o que tornará a equipa B muito mais leve e fácil de suportar.

d)      São clubes que cada vez mais dependerão completamente da capacidade de prospecção e potenciação de jovens talentos. Para um Benfica ou um Porto, encontrar um miúdo com 19 anos e fazê-lo crescer é um extra, e não é sequer prioritário desde que se seja campeão  – para o Marítimo, ou para o Guimarães, é vital para a sobrevivência do próprio clube.



O único objectivo real das equipas B de Benfica, Porto e Sporting, pelo contrário, é o de, através de um subterfúgio estrutural, tentar resolver um problema iminentemente técnico – tentar, através da quantidade, resolver um problema qualitativo. Basicamente, as equipas B servem para que os clubes, ao alargarem o seu campo de recrutamento para o dobro ou o triplo, consigam esconder o facto de não conseguirem ser competentes na escolha de reforços para a equipa principal.

Benfica, Porto e Sporting são pouco eficazes a comprar reforços, e, como tal, fazem o que toda a gente faz quando não é capaz de comprar em qualidade: compram em quantidade e jogam com a lei das probabilidades – entre tantas contratações é inevitável que apareça um ou outro David Luiz (mesmo que metade do que se ganhou com a venda do David Luiz seja para pagar os barretes que se eniaram com todos os David Luiz que nunca o chegaram a ser).

Deixo aqui a minha previsão para as equipas B, no espaço de quatro a cinco anos (no máximo): por essa altura, as equipas B ter-se-ão tornado numa duplicação da estrutura original, com os mesmos problemas desta, entre os quais será o excesso de jogadores.

O que equivale a dizer que daqui a cinco anos os clubs terão o dobro dos problemas que têm hoje para remendar todos os buracos em que se metem quando começam a comprar jogadores às carradas para encontrarem um que valha a pena.

As equipas B serão mais um buraco onde enterrar dinheiro, e acontecer-lhes-á o mesmo que todos os buracos: a certo ponto, o único problema, e a única coisa em que os clubes vão pensar, é em como tapá-lo de maneira a que nunca mais volte a abrir.

Benfica, Porto e Sporting contratam seis jogadores para encontrarem um à altura do clube, e pagam, hoje, o custo desse sistema. Grande parte dos seus passivos está enterrado em más escolhas de jogadores inúteis. É metade vício, metade inaptidão. As equipas B só vão duplicar esse problema de raiz.

Daqui a uns anos, as equipas B serão como o lado B dos antigos LP de vinil: têm as músicas especulativas, alternativas, aquelas que podem dar ou não dar mas que, já que estão gravadas, se põem lá e fazem parte do disco, mas ninguém quer saber delas.



Como é que a equipa B poderia ser realmente uma mais-valia, poupar despesas e tornar-se útil? Se o plantel principal, por exemplo, fosse formado por apenas 17 jogadores e os restantes pertencessem à equipa B, por exemplo.

Mas por hoje fico-me por aqui sobre as equipas B, com a certeza de que vão aparecer alguns comentários que me permitirão, na resposta, completar as razões para o meu total cepticismo em relação às equipas B tal como estão (novamente) a ser construídas.

8 comentários:

  1. Boas
    Encaro o regresso das equipas B como algo que tem o potencial para ser positivo mas percebo o cepticismo, vou aguardar para ver o que vai dar mas espero que não se repitam erros que todos nós estamos fartos de ver.
    Desde que a principal função seja aproveitar e desenvolver os melhores valores que cada ano chegam a séniores nunca será negativo. Como objectivos secundários ainda pode servir para rodar jovens promessas internacionais no seu primeiro ano no clube e tb para dar algum ritmo a jogadores da equipa A que venham de lesões prolongadas.
    O que a equipa B não pode ser é sem dúvida um desterro das contratações falhadas do clube e para punir jogadores, ter a equipa B como pretexto para mais contratações duvidosas tb não pode ser a política, acho que a maioria dos jogadores tem de vir da formação e os contratados a minoria.
    O SLB sem ter equipa B já tinha jogadores suficientes(80?) para ter equipa A, B e C, gostava de ver esta política a ser invertida e que se aproveitasse a formação em vez de andar a gastar escusadamente dinheiro, nenhum jogador sem jogar vai poder atingir o seu potencial e desenvolver, o primeiro e segundo ano de séniores são muito importantes e acho que é aqui que a equipa B pode mesmo ser importante e ajudar nesta fase de transição, nenhum jogador acabado de sair dos júniores é um produto acabado e sem competiçao só se pode especular sobre o que poderá vir a ser.
    Outro aspecto que acho importante é o tempo de permanencia na equipa B, não encontro motivos para que nenhum jogador fique mais de 3 anos consecutivos nesta equipa ao fim deste periodo de certeza que já se podem tirar as conclusões necessárias, se antes disto algum já revelar categoria superior para estar na 2ª tb acho que devem proporcionar uma experiencia de competição mais exigente, por exemplo no seu segundo ano ir fazendo alguns jogos pela equipa principal e no terceiro se mostar qualidade mas não tiver espaço nesta ser emprestado a uma equipa no estrangeiro onde possa jogar numa liga mais competitiva.
    Uma coisa é certa não vai demorar muito tempo para ver o que realmente pretendem com a equipa B, vou seguir com especial atenção esta nos próximos tempos.

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    1. O fundamental nas equipas B vai ser o método, de facto. É um projecto híbrido, potencialmente ambíguo, que se presta a erros, precipitações e exageros. Se não houver um método claro e intransigente, sobre o qual se possa construir uma estrutura profissional que os jogadores entendam, acabam em dois anos.
      Um factor essencial é a escolha do talento. Sem bons jogadores, perde o sentido logo de início.
      Os pressupostos para pertencer à equipa são outro. Os jogadores têm de sentir que pertencem a alguma coisa, e não que aquilo é uma balbúrdia, senão perdem a convicção, entra-se no cada um por si e toda a gente sai pior do que entrou. Quem está, está, não vai estando.
      Só devia haver dois momentos de subir à equipa principal: no princípio da época e em Janeiro. E quem sobe já não volta atrás. Ou fica na equipa A ou é transferido.
      É a maneira de fazer sentir aos jogadores que jogar no Benfica não é fazer três jogos bons mas uma época consistente e de pôr toda a gente da equipa B a sentir que pertence a uma estrutura estável e séria.
      E pôr jogadores A a rodar na B, na minha opinião, nunca. Excepto se, como eu referi no post, só houver um plantel, misto, A e B, de origem, com 16/17 jogadores "titulares" na principal e outros tanto na B, com acesso directo constante à A. Que não é o que está a ser feito. O que está a ser feito é uma duplicação de estruturas. São filosofias diferentes

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    2. Plantel misto é que acho que é muito difícil de ser posto em prática, em um clube como o SLB ter apenas 16/17 jogadores na A e o resto estar na B acho pouco realista, parece sim um bom modelo para equipas de menor dimensão do nosso campeonato, para os grandes ter 21/22 jogadores na A e ir complementado com alguns jogadores da B já era capaz de ter viabilidade.
      De resto acho que o referido no 2º paragráfo é das coisas mais importantes, quem esta na B tem que sentir isso como uma oportunidade, dar o máximo de sí e querer crescer como profissional, neste aspecto um bom acompanhamento dos tecnicos e clube é essencial, assim como ir dando umas oportunidades a quem mostre serviço e valor. Logo de início é preciso evitar que se tenha jogadores contrariados ou acomodados, sem qualidade e ambiçáo. Acho que é fundamental a maioria dos jogadores vir da formaçáo, complementando estes com algumas apostas em jovens valores internacionais(6 no máximo) e nunca ter jogadores a fazer carreira na B, se após 3/4 anos náo mostrou valor para estar na A é altura de dar o lugar a outro, tb no caso de quem mostra qualidade a mais para estar na B náo concordo com andar a arrastar a sua permanencia na B, o que se pretende desenvolver os jogadores e náo estagnar a sua evoluçao.
      Concordo com a lógica da promoçáo aos A mas acho que isso náo deve impedir que se vá convocando um ou outro jogador(os melhores) de quando em vez para os A e sendo propício dando alguns minutos, este tipo de motivaçao e reconhecimento pode fazer toda a diferença. Com a quantidade de jogadores no plantel principal é complicados mas mesmo assim devido a lesóes e castigos pode ser necessário e mesmo preferível do que adpataçóes sem nexo e contrataçóes bsurdas a meio da época (tipo Fernandez)
      Jogadores da A a rodar na b tb náo concordo apenas nos casos de virem de lesoes prolongadas tal se pode justificar e mesmo assim mais para ver a resposta e dar alguma confiança ao jogador.

      Temos alguns jogadores sem oportunidade na equipa principal que de forma algo egoísta (qualidade a mais para estar na b comprovada) até nem me importava de ver rodarem na equipa B durante a primeira metade da temporada, falo de David Simão , Miguel Rosa, Urreta, mas apenas jogando pelos B não acho que fosse o melhor para poderem evoluir mais por isso acho que o empréstimo noutro campeonato seria a melhor solução.

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  2. Tanto pessimismo. Poderá haver alguma verdade em algumas coisas mas nem tudo é tão preto, nem tudo é tão branco como o pintam.

    Quanto à interessante comparação com os lados B dos antigos discos de vinil, a verdade é que muitas vezes os lados B eram bem melhores do que os lados A, existindo mesmo algumas surpresas bem agradáveis. Esperemos, pois, que isso se repita nas equipas B.

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  3. Se com uma equipa já temos 80 jogadores sob contrato com duas equipas ficamos com quantos?
    120?
    150?
    180?

    Há uma passagem n`Os Maias sobre a situação económica do país onde se concluía que o país "caminhava alegremente para o abismo" (acho que era assim...)

    As equipas B podem-se tornar, com efeito, uma fonte (mais uma) de dívidas e negócios mal feitos.
    Por isso eu concordo com o Hugo. A filosofia (ou método) actual é perigosa e eu nem dou tanto tempo (os quatro ou cincos anos) para se manifestarem os primeiros problemas: um aninho.

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    1. Mas o problema já vem de tras, nao tem nada a ver com a equipa B. Ja se tem jogadores mais do que suficientes, mesmo com equipa B.
      Como é que se justifica que apenas com uma equipa se tenha 80!? jogadores sob contrato com a agravante de menos de 20% serem jovens oriundos da formaçáo e portanto com contratos modestos. Quanto dinheiro se gastou no mercado em jogadores que náo acrescentaram nada e outros que nem oportunidades tiveram e vão recambiados para a origem por empréstimo? Náo faço a mínima mas náo é pouco e este dinheiro mal empregue dava concerteza para reforçar melhor o plantel e permitir a renegociaçáo de contratos para manter os melhores mais tempo.
      Por este prisma a equipa B até veio numa boa altura até devido ao fim dos empréstimos.
      Mesmo com equipa B tem que se reduzir o número de jogadores, mais de 60 não se justifica, se quem está á frente do SLB não seguir este caminho de contenção e critério e continuar a esbanjar dinheiro na américa do sul só se pode mostrar a nossa indignação e reprovamento.
      A politica de contratações e gestão do activos do clube é insustentável, se quiserem usar a euipa B apenas para agravar isto tiramos as dúvidas, não é gente séria que está a frente do clube e o melhor é irem a andar o quanto antes.

      Mas a culpa de chegarmos a este nível do inaceitável e negligente é nossa que aceitamos sem verdadeiras manifestações do nosso desagrado a que se continue a fazer negócios parvos e a engordar agentes e outras personagens obscuras do futebol.
      Em janeiro quando as necessidades óbvias da equipa eram um lateral direito suplente de maxi e um esquerdo de jeito vão resgatar o Djaló num oportunismo bacoco e ganancia inconsequente, melhoria desportiva da equipa com isto foi zero. Mas ninguem diz nada, basta!
      Compra-se Michel para q? Alguem responde? Temos um número absurdo de avançados e jogadores emprestados como Melgarejo e Mora com excelentes prestaçoes e ainda Jara, fora os que continuam e ainda querem querem mais avançados? É absurdo e se não dissermos nada está para continuar, neste momento a prioridade parece ser contratar jogadores , títulos é secundário.
      Temos que fazer sentir o nosso desagrado e subir de tom as críticas quanto a esta gestão danosa mas como digo este problema não está na equipa B, esta podia servir para escamotear isso mas neste momento é tarde demais, é demasiado óbvio e só não vê quem não quer, cabe a nós permitir que se continue ou não por este caminho.

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    2. Quando o Churchill lançou a ideia de uma Comunidade Europeia como forma da Europa sobreviver disse o seguinte: «A Grã-Bretanha deve apoiar a Europa, e estar com a Europa, apesar de não ser da Europa.»

      A grande questão, a questão fulcral, para o Benfica, nos tempos modernos do futebol, é a seguinte: o Benfica consegue ESTAR NO mercado sem SER DO mercado?

      Esse, por si só, é o ponto que pode vir a permitir ao Benfica distinguir-se dos seus dois rivais, e sobretudo do Porto, no plano interno.
      A vulnerabilidade em relação ao mercado fragiliza qualquer equipa de futebol.
      O Porto, como já se provou pela necessidade de vendas esmagadoras de jogadores nos últimos dez anos apenas para conseguir manter a cabeça fora de água, não só é extremamente vulnerável ao mercado como dificilmente sobreviverá, como clube da elite europeia, quando os resultados internos deixarem de ser tão positivos como são actualmente.
      O Sporting está, pelo menos, a 15 anos de distância de conseguir atingir o nível de resultados desportivos semelhantes ao do Porto, que, juntamente com a sua base de apoio (ainda) superior em termos sócio-económicos, lhe permitiria tornar-se praticamente invulnerável às oscilações estruturais provocadas pelo mercado.
      O Benfica, sem resultados desportivos sensíveis, e com potenciais fontes de receita importantes por explorar (televisão e não só), já só tem a necessidade de vender um jogadfor por ano para pagar a época, dando a entender que se encontra a uma curta distãncia de conseguir fazer o que fazem os clubes dominadores nos seus países (Real, Barcelona, Manchester United, Bayern Munique), que é o de poderem decidir com antecedência os seus plantéis, sem necessidade de contar com uma receita extraordinária garantida, e subindo, dessa forma, um patamar no seu nível de competitividade.

      Estar no mercado comum sem pertencer ao mercado comum é o grande desafio que se coloca aos dirigentes e ao clube Benfica. É dessa forma que o Benfica deixará de ser o crónico campeão do Verão, na pré-temporada, para passar a ser crónico campeão do Inverno.

      Até pode ser que uma pré-epoca sem transferência prove vir a se a melhor coisa que aconteceu ao Benfica desde que Jorge Gomes se tornou o primeiro futebolista não-português contratado pelo clube.
      Ficar tudo igual, mudando apenas a aposta no trabalho de dentro e não nas soluções de fora, e ganhar? Perfeito.
      Mesmo com 15 milhões de prejuízo.
      Quando se ganha, num clube como o Benfica, os 15 milhões aparecem de debaixo das pedras. É mais difícil a um clube como o Braga arranjar 1,5 milhões, quando ganha, do que ao Benfca inventar 15.

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