«No longo
prazo, estaremos todos mortos», disse um economista. É verdade. Quer falemos
num sentido literal quer o façamos num sentido figurativo. Tudo passa –
nomeadamente as pessoas. Mas é igualmente verdadeiro que alguma coisa fica,
sempre. No caso da bola, o que fica é os clubes.
No longo
prazo, há quatro etapas consecutivas para se ter sucesso.
A primeira é
dar muita importância ao que se faz, mesmo que seja um hóbi (geralmente é um
hóbi), ao ponto de se querer trabalhar nele, por prazer.
A segunda é
trabalhar sério – de preferência sempre.
A terceira é
trabalhar bem – de preferência melhor que os outros.
A quarta é
trabalhar muito – de preferência mais que os outros.
No fim
disto, os que estão de fora, a ver, e não entendem bem a natureza do sucesso,
dizem: «Há tipos com sorte.»
O jogo do
Benfica frente ao Nacional é a negação do profissionalismo, desde a primeira
etapa. Não seria frustrante se fosse um episódio, mas não é. É um estado
permanente, com algumas pontuais e aparentes interrupções. Nos últimos 1000
jogos do Benfica há cerca de 950 como o de ontem. O que me leva a concluir que
os restantes 50 não passaram de ilusões quase perfeitas, provavelmente
resultantes da autossugestão e da negação.
É por isso
que, dos últimos mil jogos, o Benfica tirou apenas dois ou três títulos
esporádicos.
O resto – as
fintas do Salvio, os golos do Cardozo, as mariquices do Aimar, as melgarices,
os «ajustes tácticos» ao intervalo, a «liderança» – é conversa de quem usa crucifixos ao pescoço e de
quem se põe de joelhos a rezar ao Caravaggio.
Qualquer
cenário que envolva uma equipa casual, como a do Benfica, ganhar o campeonato a
uma equipa como a do Porto, ou ganhar uma eliminatória da Champions a uma
equipa como a do Manchester United, é, obviamente, um cenário esporádico,
insustentável a longo prazo, e sustentável, no curto prazo, apenas por um investimento
financeiro massivo e desproporcional em talento consumível.
A semana que
passou consolidou a candidatura do Sporting ao título nacional.
Porto,
Benfica e Braga apanharam grupos na Champions que os vão «obrigar» a jogar tudo
nessa prova, tais as possibilidades reais de apuramento para os
oitavos-de-final e de acumulação de capital.
Recebeu um
grupo de adversários medíocres na Liga Europa, que não vai exigir mais que os
suplentes para chegar ao apuramento, precisamente na fase mais difícil do
calendário.
O jogo de
Olhão demonstrou que o Porto tem um grupo de jogadores tão acima, individual e
colectivamente, do restante campeonato que será virtualmente impossível não vir
a sentir-se previamente vencedor em muitos outros jogos. Em Olhão correu bem.
Em Barcelos correu mal. Vai haver mais Barcelos. É o Porto que vai perder este campeonato, claramente, e
não os outros que o vão ganhar. Mas para o ano é o Porto que o ganha outra vez,
mesmo sem o Hulk.
O jogo da
Luz demonstrou que o Benfica é uma equipa em desaceleração.
O jogo de
Paços de Ferreira mostrou porque é que o Braga vai acabar a primeira volta com
dez pontos de atraso em relação ao primeiro.
O Sporting, o
único dos três grandes com 5/6 novos titulares em relação à última época, e com
os restantes, à excepção do guarda-redes, a fazerem a segunda época em
Portugal, é também o único de entre eles que vai fazer um campeonato em
crescendo, colectivamente, e a apanhar a fase decisiva da prova nas condições
físicas, técnicas e anímicas mais próximas do ideal.
Também é o
único, dos três, que tem um treinador que resiste a uma derrota em casa, com o
Rio Ave, à 2.ª jornada, sem ser insultado pelos adeptos. A longo prazo, vai ser suficiente. É
só dar tempo para os outros se irem matando.
Hugo,
ResponderEliminarApesar de não ser, nem de perto nem de longe, um admirador do JJ, numa coisa acho que lhe devemos fazer justiça: Trabalha muito, trabalha a sério(os jogadores e ex-jogadores repetidamente o afirmam)e é um apaixonado por aquilo que faz. Agora, se trabalha bem, é outra coisa - os resultados do Benfica não provam, de facto.
O que eu sei é que o resultado de ontem disfarça muitas lacunas.Ao fim de 3 anos a equipa continua a ter uma péssima circulação de bola,quase como se fosse feita a sorte.O que nos tem safado mais uma vez é a qualidade dos jogadores como seres individuais.Talvez seja exigente mas como adepto quero sempre um Benfica melhor e melhor,não fico satisfeito embora para alguns parece estar tudo bem.A JJ dou-lhe o mérito de instalar a intensidade competitiva na equipa mas isso é o minimo exigivel a qualquer uma.
ResponderEliminarcomo escrevi num post anterior o benfica vai ser campeão com melga a def. esq , extremos a trinco !!! até da para vender witsel &javi , ano eleições , venda dos jogos a tv , o lfv pode não ser um astro , mas não quer sair da cadeira...ganhar para calar a populaça e manter o poder.
ResponderEliminarvasco