O golo do Lucho foi só um brinde. O trabalho esteve todo na batuta. O homem pegou naquilo e mandou tocar. Joga muito à bola. Quando quero ver um jogo como deve de ser tiro o som à televisão, para separar o trigo do joio – ou seja, a eficácia do bruá. Ao contrário de outros jogadores, que sem a histeria do público se banalizam na televisão, sem som o Lucho ainda joga melhor.
Para os portistas, depois da noite de domingo, só parece haver uma palavra adequada: «Eureka!»
Mas uma das forças do Porto nas últimas décadas foi não ter salvadores da pátria. Parecendo o oposto, os salvadores da pátria são um sinal de fragilidade. O Benfica teve muitos salvadores da pátria nos últimos 30 anos. Todos esses jogadores salvaram alguns jogos – algumas vezes o primeiro e geralmente os que interessavam pouco – mas nunca salvaram uma equipa. A força do Porto, pelo contrário, nunca foi o indivíduo e sempre foi o colectivo.
A lógica do salvador da pátria é a seguinte: «A coisa não funciona. Mas vamos buscar este tipo e é ele que vai pôr a coisa a funcionar.» Ora, isto é um engodo extremamente perigoso, sobretudo quando se fala nestes termos dentro de uma cultura cujos alicerces do sucesso estão assentes numa engenharia diametralmente oposta, que diz que «ninguém é mais importante que a equipa». Não se pode dizer que alguém está acima da equipa neste Porto, mas podemos, claramente, dizer que neste Porto há dois jogadores mais iguais que os outros: Hulk e Lucho. Com Hulk, até agora, penso que é legítimo constatar que o que tem resultado tem sido uma degeneração das soluções colectivas.
Lucho, aparentemente, tem tudo para dar certo, e parece vir a ser uma jogada de mestre, capaz de alterar a conjugação de forças até no próprio campeonato, se o Benfica abrir o flanco. Mas, para ser sincero, olho para o golo do Lucho, para o impacto do Lucho, para o luxo do Lucho, para a quase impossibilidade, para os adeptos, de dar a volta ao Lucho enquanto homem-providencial, e dou por mim a pensar no que já pensei tantas e tantas vezes a propósito das grandes entradas dos homens-providenciais no Benfica: «O fogo-de-artifício lança-se no fim, não no princípio.» Só espero que os resultados, neste caso, sejam os mesmos que foram nessas alturas…
Segundo o João Rui Rodrigues, do Record, o Porto abdicou dos 3 milhões de euros que o Marselha ainda lhe devia para ficar com o Lucho.
Eu, se fosse do Porto, achava um bom negócio. 3 milhões pelo Lucho? Se o Manko vale 3 milhões, o Lucho, mesmo com 31 anos, vale pelo menos 5. Nada a dizer, na minha opinião. Vai ficar o Lucho mais tempo no Porto que o Manko.
Mas a questão que fica é a seguinte: se, na prática, o Porto pagou 3 milhões pelo Lucho, para quê a falácia do «custo zero» que inclusivamente foi enfatizado no comunicado?
Retomando o tema de há dois dias, a ideia que passa é que a maneira do Porto enfrentar os novos tempos do futebol globalizado, em que tudo se vem a saber, continua a ser com histórias da carochinha.
Se ainda fosse num mau negócio, agora neste, com um jogador adorado pelos portistas …
Revelador, no mínimo.
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Mais uma palavrinha só para o golo do Hugo Viana de antes do meio-campo, quando o árbitro mostrava um amarelo a um adversário, 15 segundos depois dos 94 minutos de um jogo que já não decidia nada, quando já havia jogadores a dirigir-se para os balneários, incluindo o guarda-redes, que se dirigia para o centro do terreno e foi apanhado à traição: filhadaputice.
Nunca gostei deste tipo, e pelos vistos tinha razão.
Eles ficam mais fortes com o Lucho, disso não há dúvida. Contrataram bem, em termos desportivos. Se chega... valha-nos o VP. De qualquer modo, 2-0 àquele Setúbal não quer dizer puto, não impressiona.
ResponderEliminarSe ganharmos na Luz, estão aviados!
O Hugo Viana só fez o que lhe pagam para fazer. Não é o primeiro que remata assim para a baliza no final de um jogo em que não há nada para ganhar, a diferença é que desta vez a bola entrou. O jogo só acaba quando o árbitro manda. Na minha opinião ele não fez nada de condenável.
ResponderEliminarLucho continua igual. Talvez um nadinha mais lento, mas a classe está lá. Quanto à história do custo zero lá está, é história. Já o "Manko" (lol) confirmou as minhas suspeitas: é o pinheiro que o Paulo Sérgio queria há uns tempos atrás para o Sporting. Para um ataque que estava rotinado a jogar com pontas-de-lança móveis e trabalhadores, surpreende-me o facto do Porto ter ido buscar este gajo. Não me parece que o austríaco vá brilhar muito, mas quem sabe... Um ponta-de-lança que corre pouco precisa de marcar golos para se evidenciar, e isso fica difícil quando se joga na mesma equipa do Hulk. Se o Cardozo estivesse contratualmente ligado aos tripeiros, provavelmente estaria neste momento a fazer companhia ao Walter no Cruzeiro.
Meia-final: Benfica vs Porto. A equipa que perder este jogo vai ganhar o campeonato.
O Viana devia dar uma vista de olhos aos jogos da NBA e ver o comportamento dos jogadores, treinadores e árbitros, quando faltam poucos segundos para acabar o jogo e aquela posse de bola já não aquece nem arrefece. Tantos anos no estrangeiro e tem tão pouco "mundo".
ResponderEliminarDei treinos de Basquete durante 11 anos desde mini a juniores e sempre fiz questão de ensinar aos meus jogadores estes "pormenores".
A chegada do Lucho ao Porto fez-me lembrar a entrada do Paulo "ganhar caralho, ganhar caralho" Futre no Benfica. Deu uma Taça de Portugal num jogo estraordinários e, como dizes ajudou a equipa a ganhar 2 ou 3 jogos mas ajudou a ganhar o campeonato.
Um abraço,
RS
Errata: Extraordinário e não estraordinários.
EliminarErrata 2: no final do último parágrafo queria dizer "não ajudou a ganhar o campeonato".
É uma daquelas gracinhas que não tem graça nenhuma, mesmo que haja 50 milhões de pessoas a ver no You Tube. Para fazer a gracinha, quando já não tem nada a perder, faz o guarda-redes passar uma humilhação. Não é ilegal, não é proibido, mas já não é cmpetição e é feio, só isso. Ele que tente fazer isso a meio de um jogo a sério, quando perder uma bola tiver importância e quando estiverem todos «metidos» no jogo em vez de a sair dele, e eu louvo-lhe a audácia. Agora assim, à menino, é apenas reles. Chico-espertice. Falta de dimensão ética que explica, na miha opinião, muito do insucesso deste jogador no campeonato inglês.
EliminarSó para completar: e ainda por cima ao guarda-redes de uma equipa muito inferior, que conseguiu ir a Braga aguentar o empate até ao minuto 94. Sem querer dramatizar muito isto, não sei se o Viana teria feito aquilo se alguma vez tivesse jogado num clube pequeno.
EliminarO Porto realmente anda a traulitar o fado do António Mourão "Ò Tempo Volta para Trás" que é assim mais ou menos"ò tempo volta para trás,dá-me tudo o que eu perdi,tem pena e dá-me a vida,a vida que eu que eu não vivi,...etc,etc...:)!
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